Paraguai declara embaixador venezuelano persona non grata

O novo governo do Paraguai declarou nesta quarta-feira o embaixador venezuelano em Assunção, José F. Javier Arrúe de Pablo, como persona non grata no país e pediu a volta do representante paraguaio em Caracas, Augusto Ocampos Caballero.

Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores atribuiu a volta do embaixador paraguaio "a graves evidências de intervenção por parte dos funcionários da República Bolivariana da Venezuela nos assuntos internos da Repúbica do Paraguai".

O documento faz referência ao vídeo revelado na terça (3) em que o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, participa de uma reunião com comandantes militares a duas horas da aprovação do impeachment de Fernando Lugo. O governo de Federico Franco acusa-o de ingerência em assuntos internos do Paraguai.

Sobre a declaração ao embaixador venezuelano, a medida foi aplicada "de acordo com o previsto na Convenção de Viena". Chamar um representante diplomático de persona non grata é o último estágio antes de expulsá-lo do país. Arrúe de Pablo não está no Paraguai.

A medida é feita horas depois da apresentação de um projeto pelo Senado paraguaio que pede a volta do embaixador paraguaio na Venezuela. O documento seria discutido na sessão de quinta-feira.

Acusações
Na terça (3), a ministra de Defesa do Paraguai, María Liz García, divulgou um vídeo com imagens da reunião que o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, manteve com comandantes militares paraguaios, supostamente no último dia 22, a duas horas da aprovação da destituição de Fernando Lugo.

Em breve entrevista coletiva, a ministra disse que recebeu ordens do presidente Federico Franco, que sucedeu Lugo neste mesmo dia, de entregar à imprensa cópias da gravação, que mostra os participantes do encontro entrando e saindo do local onde ocorreu a reunião.

María Liz acusou há alguns dias Maduro de incentivar as Forças Armadas paraguaias a se rebelarem contra a cassação de Lugo. "Tenho certeza que vão entregar [cópias do vídeo] às instâncias correspondentes", disse hoje a ministra em referência ao Ministério Público.

As imagens, editadas e sem áudio, foram exibidas por um canal de televisão paraguaio. A reunião teria ocorrida entre às 16h23 e 16h33 do dia 22, duas horas antes do fim da votação no Senado que provocou o impeachment do então presidente, considerado culpado por mau desempenho de suas funções.

O encontro de Maduro com comandantes das três divisões das Forças Armadas contou com a participação dos comandantes do Exército, Adalberto Garcete, da Marinha, Juan Benítez, e da Força Aérea, Miguel Christ, e teria sido convocado pelo chefe do gabinete militar da presidência de Lugo, o general Ángel Vallovera.

Assim que assumiu a presidência, Franco substituiu o chefe de seu gabinete militar e os comandantes do Exército e da Marinha.

Fonte: Folha.com

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