Juazeiro do Norte (CE): Defensoria avalia suspeita de fraude em vestibular

A Defensoria Estadual propôs a realização de novas provas na Faculdade Medicina Estácio de Juazeiro do Norte (FMJ). Uma reunião foi realizada com a Assessoria Jurídica da instituição e os representantes da Defensoria, no intuito de possibilitar que o novo processo de seleção seja realizado. A proposta está sendo examinada pela Faculdade.

A Defensoria considera que o concurso está comprometido em virtude das várias denúncias realizadas por alunos e professores. A suspeita é que tenha havido fraude durante o certame.

Os depoimentos relatam questões relacionadas à lisura do processo, que vão desde provas vazadas antes da realização do processo ao uso de celulares, fiscalização ineficiente e ausência de lacres no pacote de provas entregues nas salas, durante a aplicação dos testes. A direção da Faculdade rebate todas as denúncias e diz que não há a menor possibilidade desse tipo de situação ter ocorrido.

Suspensão
As provas foram aplicadas no último dia 17, em que participaram dos testes cerca de 1.600 alunos, que estavam concorrendo a 50 vagas. Muitos desse alunos, apesar de ser um curso considerado razoavelmente caro, por ser faculdade particular, iriam estudar por meio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies), do Ministério da Educação. O juiz da primeira vara cível de Juazeiro, José Acelino Jácome Carvalho, determinou a suspensão da divulgação do resultado do processo, por meio de uma ação cautelar, a pedido da Defensoria Estadual, que acatou as denúncias dois dias antes da divulgação do resultados das provas discursivas. O resultado das provas deveria ter sido divulgado na última segunda-feira. Também foi instaurado um inquérito criminal, na Delegacia Regional de Polícia Civil de Juazeiro do Norte (20ª DRPC).

A investigação pretende identificar os responsáveis pelos repasses irregulares das provas para os candidatos beneficiados, conforme a Defensoria. Até o momento, a Defensoria trabalha em cima de depoimentos dados por alunos e professores de cursinhos, que afirmam terem sido procurados por inscritos para resolver a prova de Biologia, com as mesmas questões que foram aplicadas no dia seguinte, e também o tema da redação, o mesmo repassado para os alunos.

De acordo com a diretora da instituição, Ângela Gimbo, não há a menor possibilidade desse tipo de vazamento. O concurso passa por três etapas.

A solicitação do juiz impediu a divulgação da segunda. Ela afirma que todos os prazos são dados, inclusive para a revisão das provas pelos concorrentes. Os alunos recebem apenas um pequeno papel azul com o calendário e um pequeno espaço para copiarem o gabarito. "O aluno não tem como entrar com as questões e nem tão pouco sair", assegura Ângela.

A defensora pública, Ranylle Holanda, afirma que os professores ouvidos confirmaram que no dia anterior da prova foram procurados por alunos com as questões da prova, e temas da redação. "Dois deles disseram que no dia anterior, os alunos chegaram com o tema para elaborar uma redação, na qual foi recusada", diz. Caso as denúncias sejam comprovadas, poderá ser pedida a anulação do concurso.

Segundo a defensora, com o que já se colheu, até para a credibilidade do vestibular depois de todas as denúncias, o objetivo da reunião é entrar em acordo com a Estácio de Sá, instituição de ensino superior do Rio de Janeiro, para a realização de um novo concurso vestibular.

Eles já mantiveram contados com os advogados da instituição. "Não seria o certame todo, mas apenas a fase de aplicação das provas", diz ela. Isso, e provavelmente, conforme Ranylle, tomando cautelas que, possivelmente, não foram tomadas antes, com mais fiscais, recolhimento de aparelhos eletrônicos e provas lacradas, para com isso, gerar um resultado imparcial.

Segundo o defensor público, Rafael Vilar, caso se confirme a fraude, os suspeitos podem responder por crime civil e criminal por fraude de concursos públicos, cuja pena é de um a quatro anos de prisão.

A Defensoria Estadual se baseou no depoimento de 25 pessoas. Até o momento, segundo o órgão, não se tem conhecimento de recursos por parte da FMJ, mas a faculdade contestou a ação e vai apresentar a defesa para revogar ou não a decisão judicial. De acordo com o defensor, a ação cautelar foi uma forma de evitar que seja divulgado o nome das pessoas e eventualmente haja anulação do resultado do concurso. Com isso, ocasionar um certo tumulto, com até 40 ou 50 pessoas peticionando num processo.

Mais informações
Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro (FMJ)
Telefone: (88) 3572.7800

Fórum Desembargador Juvêncio Santana
Telefone: (88) 3102.3950

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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