Transposição do Rio São Francisco tem 65% prontos

Cerca de 65% das obras da transposição das águas do Rio São Francisco estão concluídas, conforme o Ministério da Integração Nacional. Com turnos de 24 horas de trabalho há quase um ano, continua em andamento a construção de um dos reservatórios no Cariri, em Jati. Com 35,3% de execução física da obra, será a primeira área a receber as águas do Canal de Transposição do velho Chico no Estado do Ceará. O Ministério da Integração Nacional (MIN) adiantou que até o final do ano, a pretensão é chegar a 70% de conclusão do projeto.

De acordo com a última medição realizada em agosto deste, havia 64,6% de execução. A meta é que todas as etapas da obra, iniciada em 2007, sejam concluídas até o final de 2015.

O ministro da Integração, Francisco Teixeira, que esteve recentemente no Ceará, disse que a expectativa é fechar o ano com os 70% de conclusão. A obra, no total, chega a empregar mais de 11 mil pessoas e poderá beneficiar 12 milhões de nordestinos que convivem com o clima do semiárido. No Ceará, o Cinturão das Águas já se encontra com mais de 14% das obras realizadas e fará a redistribuição das águas do canal para diversos municípios no Estado, beneficiando municípios como Mauriti, Brejo Santo e Missão Velha, áreas com tradição na produção agrícola irrigada. Além do reservatório de Jati, estão em andamentos obras nas áreas de Taquara, Porcos e Cipó, em Brejo Santo.

O Cinturão das Águas vai captar água do reservatório de Jati, do Projeto de Integração do Rio São Francisco, para abastecer a região do Cariri, passando pelo Rio Cariús, afluente do Jaguaribe. É por esse curso de água que chegará ao Açude Orós. A primeira etapa do Cinturão, com 154 quilômetros de extensão, vai abastecer 17 municípios.

O Ministério da Integração Nacional destaca o ritmo das obras nos últimos meses. A fase inicial, de fundação da obra em Jati (considerada a mais complexa) já foi finalizada. Ou seja, a perspectiva agora é que os trabalhos nesse trecho avancem em ritmo ainda mais acelerado.

Todo o Projeto São Francisco mobiliza atualmente 11.486 trabalhadores, dos quais 1.943 e cerca de 600 máquinas estão em atividade na Meta 2N, que inclui a barragem de Jati.

A previsão é que a água vinda do Rio São Francisco chegue ao reservatório de Jati em setembro de 2015. Não há previsão no projeto de construção de barragem em Brejo Santo.

Somente no Cariri são mais de 100 máquinas em funcionamento, para dar ritmo aos serviços, e pelo menos 400 funcionários. Os trabalhadores se revesam por turnos. Pelo menos 40% da mão-de obra empregada é da região. Muitos dos trabalhadores que há vários anos viviam em busca de emprego, se alegram com a possibilidade de ganhar melhor e em sua terra natal.

Trabalho
A opção de deixar de estudar para investir mais no trabalho, veio com a chance de ganhar melhor. A opção nesse momento, para Douglas Jorge da Silva, tem sido aproveitar o tempo de serviço que têm na obra e fazer o máximo de economia para investir nos estudos. Ele disse que para uma cidade com poucas opções, essa tem sido uma oportunidade que não deve ser desperdiçada e muito jovens optaram por essa alternativa. Há mais de um ano está atuando no projeto, mas diz que em breve irá retomar os seus estudos.

Os pequenos comerciantes comemoram o progresso da cidade à beira da BR-116, mesmo que pouco para alguns. Mamédia Germana Silva tem uma filha com comércio na cidade e também colabora na pequena mercearia. "Para um lugar que não tinha praticamente nada, já é uma grande oportunidade que está sendo dada", diz. De frente ao seu estabelecimento, um dos dois postos de gasolina da cidade que estava sem funcionamento, se encontra em fase de conclusão. Está se tornando um estabelecimento de grande porte para atender à demanda local e à dinâmica dada pelo tráfego de caminhões que atravessa a cidade.

O eletricista, Francisco da Silva, de Brejo Santo, todos os dias vai para Jati. Com a mesma função na obra do canal, ele já sonha com a nova realidade do lugar que hoje convive com a seca. "Com certeza, será uma nova realidade para esses moradores e uma fonte de renda produção. Não terá como não vir mais desenvolvimento", afirma ele.

MPF alerta projeto da Transnordestina
Moradores de localidades do Cariri, onde estão sendo realizados serviços da Transnordestina, estão se sentindo prejudicados, por conta das dificuldades em relação ao tráfego nas áreas. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ações de minimização dos problemas ocasionados pela obra.

O documento foi destinado recentemente à Concessionária Transnordestina Logística, por conta dos transtornos gerados no fluxo de pessoas, devido à obra da Ferrovia. Segundo o MPF, a execução dos trabalhos, no trecho de Missão Velha (CE) a Salgueiro (PE), impossibilita os moradores de Brejo Santo (CE) de se locomoverem livremente, devido à inexistência de acesso provisório no local. A recomendação, do procurador da República Celso Costa Lima Verde Leal, sugere que em 30 dias seja iniciada a solução do caso e, em 60 dias, a conclusão de todas as ações destinadas a possibilitar o livre acesso à localidade Vila Verde Lagoa do Mato, em Brejo Santo (CE).

A recomendação foi expedida a partir da representação da Associação Comunitária Os Pequenos Agricultores de Brejo Santo. Para minimizar o problema, a Concessionária Transnordestina Logística informou que até a conclusão da solução definitiva, vai realizar manutenção do acesso provisório de forma a continuar possibilitando a passagem dos moradores da comunidade. Uma vistoria realizada pelo MPF constatou que até o momento não foi adotada nenhuma providência pela Concessionária. O orçamento total para a construção nos três estados, que era de R$ 4,5 bilhões em 2007, saltou para R$ 7,5 bilhões em 2013. Até janeiro, segundo o Ministério dos Transportes, já haviam sido liberados R$ 4,7 bilhões para o empreendimento. As obras entre Missão Velha-Pecém custariam inicialmente R$ 1,6 bilhão, mas a previsão atual é que sejam investidos R$ 2,1 bilhões, sendo que R$ 145 milhões já foram consumidos. A obra já teve paralisação em alguns dos seus trechos, dificultando a vida de moradores, como ocorreu entre Porteiras e Brejo Santo.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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