Santana do Cariri (CE): Nova espécie de pterossauro é encontrada

Uma nova espécie de pterossauro com características diferenciadas, foi apresentado durante esta semana, por pesquisadores do Nordeste. Com características tridimensionais e um extraordinário nível de preservação, o crânio do réptil voador, com aerodinâmica perfeita, foi achado no sítio São Gonçalo, em Santana do Cariri e identificado como Maaradactylus kellneri.

Encontrado com cerca de 95% de preservação, o fóssil deverá ter em torno de 111 milhões de anos, do período Cretáceo. A apresentação da nova descoberta aconteceu na manhã desta quarta-feira, durante coletiva com a pesquisadora da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Juliana Sayão, que há mais de duas décadas desenvolve trabalhos de pesquisa na região do Araripe.  O material vem sendo alvo de estudo de uma tese de mestrado do cratense, Renan Bantim, na área de histologia dos pterossauros, na universidade pernambucana. Com isso, esses animais alados poderão ser associados às diversas espécies que existiam tanto na África como na China.

O réptil de anatomia exata já se soma a 23 diferentes espécies de pterossauros encontrados na área da Bacia do Araripe. E foi achado justamente no terreno do diretor do Museu de Paleontologia da URCA, Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, o que facilitou a coleta do material pelos pesquisadores. A peça comporá o acervo do Museu de Santana do Cariri, além do crânio e da mandíbula reconstituídos.

A região da Bacia Sedimentar do Araripe está localizada entre os estados de Pernambuco, Ceará e Piauí, reunindo grande registro fossilífero de diversos animais e vegetais. É reconhecida mundialmente como um dos mais importantes depósitos com registros desses répteis alados. Da nova espécie ficou preservado apenas seu crânio, constituindo um dos maiores pterossauros com dentes já encontrados no Brasil. Possui 75 cm de comprimento e abriga uma enorme crista em sua região anterior, que ocupa 40% do crânio. Estima-se que sua envergadura alar seja de 6m. Álamo diz que tudo levar a crer que o pterossauro era um animal ainda jovem e que se alimentava de peixe, com uma hidrodinâmica e aerodinâmica perfeitas.

De acordo com os pesquisadores. A grande quantidade de dentes, alguns arranjados em trios, é uma das características mais marcantes dessa nova espécie, que contém um padrão dentário nunca antes visto nos arcossauros - agrupamento que reúne Pterossauros, Crocodylomorfos, Dinossauros e Aves.

Características especiais
O formato da crista e a disposição dentaria indicam que o animal se alimentava de peixes. A crista fina e alta com dentes à frente do crânio ajudavam a romper a superfície da água para pegar a caça. São ao todo 35 pares de dentes superiores, com os dois primeiros direcionados para frente, formando uma estrutura para capturar seu alimento. Essa descoberta amplia a diversidade do Araripe, segundo Álamo, e mostra que ainda há muito a se conhecer.

A denominação Maara teve inspiração numa figura mítica da região Sul do Estado, filha do Cacique Manacá, da Tribo Kariri. Ela foi enfeitiçada, segundo a lenda, e passou a viver no fundo de um lago, como serpente. A terminação dactylus vem do grego e quer dizer dedo, uma característica marcante dos pterossauros, que possuem o quarto dedo modificado em asa.

O estudo foi realizado através de uma parceria interinstitucional, estabelecida desde 2011, composta por pesquisadores da UFPE, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e URCA. Constitui a primeira publicação de uma espécie de pterossauro, fruto de pesquisa realizada exclusivamente no Nordeste, por pesquisadores sediados nessa região. Os pterossauros achados na região da Bacia do Araripe tiveram uma ampla distribuição geográfica durante o período Cretáceo. A nova espécie está restrita ao Brasil e até o momento representa a 24ª de pterossauro descrita na Bacia do Araripe desde 1971, quando o primeiro fóssil do grupo foi publicado.

Fonte: Diário do Nordeste



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