Barbalha (CE): Usina ainda sem perspectiva de funcionamento

Mesmo arrematada pelo Governo do Estado no mês de junho deste ano, por R$ 15,4 milhões, ainda não há perspectiva de funcionamento da Usina Manoel Costa Filho, no Município de Barbalha, que poderá empregar de forma direta, após modernização do equipamento, cerca de 250 pessoas. Na área indireta com a retomada do cultivo, há perspectiva de ampliação do plantio, que passou a ser irrisório diante da necessidade de cana-de-açúcar para manter em funcionamento a usina.

Durante os últimos anos, poucos engenhos sobreviveram. A agroindústria chegou a empregar, nos anos 90, cerca de 1.600 pessoas. Ex-funcionários do empreendimento aguardavam ansiosos à compra, para receber as dívidas trabalhistas, o que foi considerado um dos maiores empecilhos para a venda.

O leilão foi promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT/CE). Segundo o secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado, Nelson Martins, está sendo realizado o levantamento de área produtiva. Segundo ele, o Estado estará na responsabilidade de incentivar o cultivo da cana. Para isso, está sendo concluído estudo de capacidade de retomada do plantio.

Um levantamento inicial da área cultivável de cana-de-açúcar na região foi feito, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce). Conforme o projeto de viabilidade, a área atualmente cultivável na região, que inclui cidades como Missão Velha, Barbalha, Crato, Jardim é de 8.500 hectares. São locais de maior umidade, com área de brejo, onde o cultivo poderá ser favorecido. Ainda conforme o secretário, a câmara municipal de Barbalha fez o convite para sua participação em uma sessão, onde se prevê esclarecimentos relacionados ao andamento do projeto de reativação da Usina Manoel Costa Filha.

Comemoração
A aquisição da usina de açúcar e álcool foi comemorada pelo titular SDA, Nelson Martins, e pelo presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Roberto Smith.

A ideia é que haja investidores do setor privado sulcroalcooleiro. Para isso, vem sendo realizada uma mobilização da Adece no intuito de atrair novos investidores para o segmento na região. O Governo do Estado, Cid Gomes, segundo Nelson Martins, esteve participando de reunião, no Ministério da Agricultura, para tratar do assunto.

Há grande expectativa dos produtores locais, e dos agricultores, em relação á tão sonhada retomada. Grande parte dessas pessoas teve que mudar de atividade para sobreviver. O êxodo rural aumentou significativamente na cidade e milhares de trabalhadores se deslocam todos os anos, para trabalharem em área de cultivo da cana e outras culturas, no interior do Pernambuco, Bahia, Paraná e São Paulo.

Outro levantamento para viabilidade da compra da usina pelo Governo do Estado foi realizado em 2009, pela União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), tendo à frente o presidente da entidade, Alexandre Lima. Segundo o secretário de Agricultura de Barbalha, Elismar Vasconcelos, os produtores e ex-produtores continuam na expectativa, já que a compra agora é uma realidade.

O secretário defende o sistema de cooperativa como o mais viável para tocar a usina. A ideia é fortalecer o fornecimento de cana e álcool no Nordeste. Atualmente, estão em funcionamento quatro engenhos, mantidos comercialmente, principalmente em virtude das grandes romarias de Juazeiro. Com a reativação do setor, também deverá haver o fortalecimento desse segmento.

O arremate do empreendimento aconteceu na presença gestores públicos, produtores rurais e antigos trabalhadores da Manoel Costa Filho. A compra da usina remonta uma discussão de vários anos, relacionada à revitalização do cultivo da cana-de-açúcar na região. O valor inicial era de mais R$ 25, 8 milhões.

A perspectiva de modernização da usina anda junto com a retomada do cultivo da cultura canavieira. O governo fez um estudo e identificou que serão necessários cerca de R$ 35 milhões para recuperação. Para o titular da SDA, a usina deve gerar um grande benefício social à região do Cariri quando estiver em pleno funcionamento. Num raio de 100 Km, deverá abranger pelo menos 19 municípios com aproximadamente mil produtores de cana-de-açúcar.

Por isso, ressalta, será necessário um trabalha voltado à retomada da produção agrícola de cana-de-açúcar na região, com a ajuda do projeto Cinturão das Águas. Ainda não há uma definição de como será o sistema de gestão da usina, se passará por uma regime cooperado. Para a Adece, esse poderá não ser o melhor meio de administração do empreendimento. A gestão da iniciativa privada fará com que os investimentos para a compra, no futuro retornem aos cofres do Estado. A Usina Manoel Costa Filho chegou a representar na década de 80, auge da produção, cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), do Ceará. "O que não deve acontecer hoje, pelo crescimento no Estado, mas terá uma repercussão positiva em relação aos municípios onde haverá produção direta", afirma o secretário.

Mais informações
Escritório da Ematerce
Praça Filemon Teles, S/N
Centro - Crato - Cariri
Telefone: (88) 3521. 2835

ELIZÂNGELA SANTOS
REPORTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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