Pesquisa fajuta sobre chocolate prova como é fácil enganar milhões de pessoas

Você deve ter lido alguma coisa sobre a suposta dieta que trazia resultados mais rápidos ao incluir chocolate no cardápio. As matérias sobre a tal dieta se baseavam em uma pesquisa do Instituto de Dieta e Saúde (Institute of Diet and Health) e eram de autoria do médico alemão e diretor do instituto Johannes Bohannon. Ela foi publicada por revistas científicas e divulgada mundialmente em sites, revistas e programas de TV. E ela não passou de uma grande mentira.

Johannes Bohannon e o Instituto de Dieta e Saúde não passam de invenções do jornalista John Bohannon. Ele criou o site do instituto e publicou o estudo para expor como é fácil divulgar um estudo científico duvidoso.

O resultado
"Se você medir um grande número de coisas em um número pequeno de pessoas, você quase certamente terá um resultado 'estatisticamente significativo'"

Publicando e divulgando
Com os resultados em mãos, Bohannon submeteu a pesquisa para publicação em revistas científicas e dentro de 24 horas diversas publicações mostraram interesse em divulgá-la — a equipe acabou escolhendo a International Archives of Medicine, que, apesar de afirmar revisar cada pesquisa rigorosamente, publicaria o estudo por 600 euros.

Uma vez publicada, era a hora de divulgar a história: um release à imprensa bem explicado, que frisava os pontos fortes da pesquisa - como o chocolate ser um instrumento para perder peso - e omitia possíveis questionamentos, como o pequeno número de participantes da pesquisa. O release era praticamente uma matéria pronta para os jornalistas a publicarem, como diz o próprio Bohannon — e ela serviu perfeitamente para chamar a atenção de revistas e sites dos mais diversos lugares.

Dezenas de mídias de todo o mundo publicaram a história: Irish Examiner, o site alemão da Cosmopolitan, Times of India, o site alemão e indiano do Huffington Post, um telejornal do Texas e um programa matinal da Austrália divulgaram o estudo.

No Brasil, caíram na pegadinha o portal Vírgula, a TV Cultura e o site F5, da Folha de S. Paulo. (Só o F5 corrigiu o texto.)

E nas poucas vezes em que foi contatado por jornalistas, Bohannon diz que ninguém perguntou sobre o número de participantes da pesquisa, e nenhuma matéria parecia consultar a pesquisa em si - algo necessário para averiguar se as descobertas eram mesmo reais.

Bohannon usou o estudo em dietas para alertar como é fácil publicar e divulgar um estudo dúbio, e como a editoria cientifica de revistas e jornais tem sido tratada como fofoca pela mídia. Ele espera que o experimento faça de repórteres e leitores mais céticos: "o mundo é inundado por ciência fajuta".

Fonte: Gizmodo

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