Barbalha (CE): Antigo engenho tem sua estrutura recuperada

A velha estrutura de um antigo engenho de Barbalha e um dos mais tradicionais, o São Joaquim, dará lugar à valorização da memória de uma das festas mais tradicionais do Ceará, a do pau da bandeira de Santo Antônio. No rol, entra também a educação patrimonial e a arqueologia, além da preservação da cultura dos velhos engenhos, a maioria deles já fechada no município e região, com o declínio do setor canavieiro.

O projeto de recuperação está sendo executado, por meio de um trabalho planejado de resgate da originalidade do espaço, pela arquiteta Lis Cordeiro. Ela afirma que a obra se encontra em fase de finalização.

A restauração do engenho em si já está concluída e será iniciado a etapa expográfica e, em seguida, a montagem do museu. Serão seis meses para a conclusão. A abertura para visitações será programada por meio da empresa responsável pelo resgate histórico e cultural da cidade, a Itapui Barbalhense Indústria de Cimento S/A.

Para Lis, essa é uma iniciativa fundamental para o resgate da memória local de um passado recente do Cariri que não pode ficar esquecido no tempo. Barbalha foi uma das cidades mais beneficiadas na região durante o período áureo da cana. Tanto que foi sede da Usina Manoel Costa Filho, responsável pela geração de milhares de empregos, além de contar com dezenas de engenhos instalados na região. "São parte importante de um período de crescimento econômico e de estruturação do perfil cultural da região, através das manifestações da cultura popular que foram agregadas no processo", explica.

História
O ritual do pau da bandeira, por exemplo, surgiu naquele ambiente e o museu está no sítio São Joaquim, de onde durante muitos anos foram retirados os troncos para servir de mastro da bandeira de Santo Antônio. Parte do museu será destinada a resgatar um pouco dessa história, contada através do acervo do fotógrafo paraibano Augusto Pessoa. Ainda no Engenho, haverá uma sala destinada à educação patrimonial.

O engenho localizado no Sitio São Joaquim tem limites com os municípios de Juazeiro do Norte, ao Norte, Crato, no Oeste, Missão Velha, no Leste, e Jardim, ao Sul. Barbalha é uma das cidades estratégicas no Cariri e um dos elementos que chama a atenção é o conjunto de antigas edificações, algumas delas que resgatam o período colonial, a exemplo do Palácio 3 de Outubro, no Centro. O engenho Tupinambá, na área rural da cidade, datado de 1830 e é um dos últimos exemplares no Nordeste com casa conjugada. O Casarão Hotel, também na parte histórica da cidade, data de 1859. Há chalés de estilos coloniais alemão/suíço dos séculos XVIII e XIX, um deles na rua da Matriz.

A arquiteta afirma que a reabilitação do engenho tem como objetivo a criação do museu que vai homenagear a festa do carregamento o pau da bandeira, ressaltando o imenso valor cultural da manifestação e sua importância histórica para a região do Cariri Cearense. O museu disponibilizará de farto material iconográfico e guiará o visitante pela trajetória da festa através do tempo. Parte do espaço também será destinada à rica história dos engenhos na região, com destaque para a produção de rapadura e outros derivados da cana-de-açúcar. O projeto prevê a educação patrimonial, cujo objetivo é ensinar para as crianças das comunidades circunvizinhas, através da arqueologia, o valor do patrimônio local.

Na esfera ambiental, trilhas serão abertas e sinalizadas, na intenção de criar um ambiente de contemplação e aprendizado sobre a importância da Floresta Nacional do Araripe.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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