Santana do Cariri (CE): Projeto incentiva vocação em ´Jovens Paleontólogos´

Para estimular a vocação científica e a sensibilização dos alunos do ensino médio da rede pública, o Geopark Araripe realiza o projeto Jovens Paleontólogos. No primeiro momento, três estudantes da Escola Adrião do Vale Nuvens, em Santana do Cariri, estão sendo capacitados para educar outros jovens, além dos trabalhadores das frentes de lavras, mais conhecidas como pedreiras, onde a pedra cariri é explorada. A proposta é buscar formas que ajudem na geoconservação e preservação do patrimônio geológico e paleontológico das cidades de Santana do Cariri e Nova Olinda.

Orientados pelo Geopark e sob a coordenação do geólogo Francisco Idalécio de Freitas, os participantes estão visitando as mineradoras. Eles levam informações sobre a importância dos fósseis para a realização de pesquisas das ciências da terra e da geoconservação. Com a meta de educar os trabalhadores, o projeto conta com a colaboração dos mesmos, no sentido de recolher os registros paleontológicos encontrados nos exemplares da pedra cariri que passa pelo processo de talhamento.

Todo o material, doado pelos mineradores, junto a uma ficha de doação e identificação, está sendo encaminhado ao Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, onde posteriormente será tombado. Com a iniciativa, o Geopark Araripe pretende assegurar a elaboração de pesquisas futuras e, com a aproximação dos trabalhadores que exercem funções relacionadas à mineração e ao museu, o programa tenta combater também o tráfico de fósseis na região do Cariri.

Há, aproximadamente, quatro décadas, a pedra cariri é amplamente explorada. Atualmente, existem mais de 80 frentes de lavras, apenas nas cidades de Nova Olinda e Santana do Cariri. Geologicamente, a pedra é classificada como uma rocha sedimentar do período cretáceo. É conhecida como calcário laminado, que foi formado há mais de 110 milhões de anos. Na pedra cariri, geralmente, são encontrados vários fósseis, os mais comuns são os de peixes, insetos, pterossauros e plantas, que servem de material para pesquisas realizadas no País e no exterior. Devido à sua excelência de conservação, os fósseis do Araripe despertam a curiosidade de cientistas e pesquisadores de todo o mundo. A próxima turma do projeto Jovens Paleontólogos será formada em fevereiro de 2013.

Os estudantes interessados nas capacitações devem passar por uma seleção nas escolas dos dois municípios. Como forma de auxílio às atividades, cada um receberá uma bolsa de estudos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), no valor de R$ 100. Para os anos seguintes, a tentativa do Geopark é ampliar as equipes.

Dentro das propostas do projeto, está a produção de material de estudos para ser apresentado em eventos de cunho científico, como congressos, simpósios e seminários. A atual turma de jovens paleontólogos já apresentou durante a XI Conferência Europeia dos Geoparques, que aconteceu em Portugal, no último mês de setembro, um artigo sobre as ações que realizaram em campo. Agora, eles irão entrar para o calendário de atividades da Sociedade Brasileira de Paleontologia.

Segundo o coordenador do projeto, Francisco Idalécio de Freitas, no fim de 2013, os jovens paleontólogos deverão exibir um relatório final, mostrando a quantidade de fósseis recolhidos e de mineradores que envolveram-se com as doações. "O importante é educar os mineradores para que os fósseis permaneçam no Cariri. Assim, asseguramos novas pesquisas de espécies ainda não catalogadas. Queremos também despertar a população para a geoconservação no território do Geopark Araripe".

Encontro
No encerramento, haverá um encontro dos técnicos com os trabalhadores das frentes de lavras que contribuirão com a ação. Como forma de reconhecê-los, o Geopark ainda vai criar uma comenda que será entregue aos mais representativos.

No Museu de Paleontologia de Santana do Cariri será montada uma sala ambientada para o projeto. No local, vai ser apresentado um documentário com depoimentos dos trabalhadores da pedra cariri e uma exposição fotográfica, com as cenas que caracterizam o trabalho diário. Até agora, os Jovens Paleontólogos já contam com o auxílio de 30 mineradores doadores. Um deles tem destaque, João Neto, de 30 anos. Apenas na última doação, o trabalhador entregou mais de 60 fósseis. Ele é consciente da relevância do material.

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste

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