Brasil sem maquiagem

O Brasil tem vivido um momento de otimismo elevado nos últimos anos. Um crescimento médio de 4,5% no período de 2003 a 2010 ajudou a criar uma sensação de que o país entrou d evez na era da bonança e que o crescimento seguria forte infinitamente. Contudo, os fatos começaram a desmentir as versões.

O Governo, no entanto, no afã de consevar a popularidade tem divulgados dados um tanto questionáveis. Um deles, como aponta o eocnomista Adolfo Sachsida do Ipea, é a inflação. De acordo com projeções do Banco Central, ela fechará 2012 em 5,45%, ou seja, um ponto percentual acima da meta, que é 4,5%.

Porém, esse número não reflete a realidade. Como mostrou Sachsida, a metodologia de cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza o índice de inflação, foi alterado em 2012. Na metodologia antiga, a alta de preços estaria 0,3% maior. Ou seja, 5,75%. Não para por aí! A equipe econômica, na tentativa de esconder a inflação, tem se utilizado de artifícios tributários, como desonerações seletivas para setores que pressionam o preços. De acordo com o pesquisador do Ipea, mostra que se as isenções não tivessem sido empregadas, a inflação estaria outros 0,3% maior. Em suma, a inflação real deste ano é 6%, não os 5,45% divulgados pelo Banco Central.

Pleno emprego?
O país cresceu pouco mais de 2,5% ano passado, neste ano corre o risco de crescer menos de 1%. No entanto, as estatísticas de desemprego continuam caindo e batendo recordes históricos de baixa. Como é possível? O Economista Leandro Roque analisou a metodologia do IBGE para tentar encontrar a resposta.

O primeiro questionamento a surgir foi: como pode o levantamento do IBGE apontar um desmeprego de 5,3% e o da DIEESE apontar 10,5%? O que afinal o primeiro entende como emprego?

“Desde que comecei a prestar mais atenção no assunto — e, principalmente, desde que me inteirei melhor da metodologia —, perdi completamente o interesse pelo indicador. Ele não indica nada. A metodologia do IBGE é totalmente ridícula. Um malabarista de semáforo é considerado empregado. Um sujeito que vende bala no semáforo também está empregadíssimo. Um sujeito que lavou o carro do vizinho na semana passada em troca de um favor é considerado empregado (ele entra na rubrica de ‘trabalhador não remunerado’). Se um sujeito estava procurando emprego há 6 meses, não encontrou nada e desistiu temporariamente da procura, ele não está empregado mas também não é considerado desempregado. Ele é um “desalentado”. Como não entra na conta dos desempregados, ele não eleva o índice de desemprego”, explica Roque.

O IBGE divide a população economicamente ativa nas seguinte scategorias: Pessoas Desalentadas, Pessoas desocupadas, Pessoas Subocupadas por Insuficiência de Horas Trabalhadas, Pessoas Ocupadas com Rendimento/Hora menor que o Salário Mínimo/Hora, Pessoas Marginalmente Ligadas à PEA (População Economicamente Ativa).

Dessas, somente a taxa de “pessoas desocupadas” é considerada como desempregada. As desalentadas não contam e as outras são consideras empregadas. Roque fez um novo reagrupamento dessas categorias, consoiderando desempregodos os grupos:

1) pessoas desocupadas;

2) trabalhadores não remunerados;

3) pessoas com rendimento/hora menor que o salário mínimo/hora (aquele sujeito que faz vários bicos, mas cujo rendimento mensal é menor que o salário mínimo);

4) pessoas marginalmente ligadas à PEA (pessoas que não estavam trabalhando na semana da pesquisa mas que trabalharam em algum momento dos 358 dias anteriores à pesquisa e que estavam dispostas a trabalhar); e

5) pessoas desalentadas.

Resultado: taxa de desmeprego no mês de outubro foi de 21,4%. O que significa dizer que um em cada cinco brasileiros ou não tem emprego, ou tme uma ocupação precária que rende menos que um salário mínimo por mês.

Resumo da ópera: é inegável que o país está melhor do que a tempos atrás, até mesmo porque a demanda de gigantes como China e Índia por commodities ajuda a manter o Brasil no azul. Contudo, uma nação que convive com crescimento menor que 3%, inflação na casa de 6% e um quinto da força de trabalho desempregada ou em trabalho precário não pode sair pelo mundo querendo impor seu modelo econômico.

Fonte: Pedro Valadares

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