Começa triagem de fósseis apreendidos do contrabando

Pesquisadores iniciaram o trabalho de triagem da primeira remessa dos fósseis resgatados, durante esta semana. Ao todo, cerca de 3 mil fósseis apreendidos pela Polícia Federal, durante uma operação em São Paulo, vão ser devolvidos ao Cariri. Na sede da delegacia em Juazeiro do Norte, nesta semana, foram entregues 68 peças. No material estão crânios de pterossauros, peças de alto valor científico e excelente estado de conservação.

Essa é uma das maiores apreensões realizadas pela PF nos últimos anos, com material fóssil da Bacia Sedimentar do Araripe e a maior remessa de material extraído da região devolvido para ser encaminhado à Urca. O professor Álamo Feitosa é o fiel depositário das peças e foi pessoalmente à PF para resgatar as caixas contendo os exemplares de diversas tipologias de fósseis na última terça-feira, acompanhado de estudantes que atuam no laboratório de paleontologia da universidade, o qual coordena, e do vice-reitor da instituição, Patrício Melo.

A Justiça Federal acatou recentemente o pedido para devolução das peças. A primeira etapa aconteceu com o material que se encontrava no almoxarifado da sede da PF, em Juazeiro do Norte, entregue na semana passada. Mais 2.928 fósseis se encontram ainda no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) e deverão se encaminhados para o Cariri.

Valor
O material foi pego com integrantes de uma quadrilha internacional, em 2013, no interior de Minas Gerais e em São Paulo, além de um integrante em Nova Olinda, no Cariri. De lá para cá, pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca) têm solicitado o resgate desse material. Esta é a maior restituição de fósseis já registrada na história da região, mesmo com a redução drástica do contrabando. Pesquisadores avaliam o produto apreendido em U$ 7 milhões, e com isso, acabou inibindo mais ainda a ação das quadrilhas especializadas na região.

Segundo o coordenador do Laboratório de Paleontologia, todo esse material daria para montar um museu. Ele destaca a grande conquista para a região. "Com certeza, esse foi um grande passo para desarticular quadrilhas especializadas que ainda atuavam na região. Essa apreensão com certeza descapitalizou esse grupo", diz o professor.

Entre essas peças, foi divulgado no ano passado o esqueleto do pterossauro mais completo já encontrado na Bacia Sedimentar do Araripe, por pesquisadores da USP. É um raro exemplar de um 'Tupandactylus imperator, com cerca de 115 milhões de anos. Todo o material foi destinado pela Justiça Federal à universidade paulista. Essa é uma das peças que deve retornar ao Cariri junto com as outras.

A iniciativa da Urca, conforme Álamo, tem justificativas importantes já que a universidade, ao longo dos anos, vem desenvolvendo importante trabalho de pesquisa na busca de preservar a riqueza fossilífera da Bacia Sedimentar do Araripe. Além disso, conta o projeto do Geopark Araripe, reconhecido internacionalmente, e o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, para onde será destinado o material, após triagem realizada no laboratório de paleontologia, no campus da Urca, no Pimenta, em Crato.

O material seria destinado a São Paulo para depois ser levado para os Estados Unidos, onde seria montado um museu particular com as peças. As investigações da polícia vinham sendo realizadas desde 2012. Entre os integrantes do grupo, foram acusadas 13 pessoas, incluindo oito brasileiros, três alemães e dois franceses. Desse grupo, estão presos dois estrangeiros.

Procedimento
Ainda não há data para o resgate das peças de São Paulo, mas o professor Álamo destaca o grande trabalho para se fazer de agora por diante. O procedimento agora será por conta da PF, que vai receber os fósseis da USP, para encaminhar à Polícia Federal em Juazeiro do Norte.

Além dos famosos pterossauros do Araripe, há espécies de crocodilos, dinossauros, libélulas, peixes raros, anfíbios, muitos insetos e plantas, principalmente na remessa que se encontra no estado paulista. "Não tenho dúvida de que vivenciamos hoje uma situação diferente de 1970. O povo caririense não tinha ideia do valor desses fósseis, como agora", afirma Álamo. Enquanto na época, as pessoas utilizavam peças até como adornos. Ele ainda destacou que sempre foi otimista em relação ao resgate dessas peças para o Cariri.

A iniciativa do pedido teve também o objetivo de sensibilizar as autoridades quanto ao Cariri ter espaços ideais para que esse material fosse estudado, além da grande importância da paleontologia na região atualmente, contando com o museu, em Santana do Cariri, equipamento que recebe cerca de 20 mil pessoas por ano. O coordenador ressaltou a importância do equipamento para o desenvolvimento do turismo científico.

Mais informações
Geopark Araripe
Universidade Regional do Cariri (URCA)
Rua Carolino Sucupira, S/N - Pimenta
Crato
Telefone (88) 3102.1237  

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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