Após prisão e ajuda de policiais, eletricista diz que sonha em trabalhar

Há dois dias a geladeira de Mário Ferreira Lima estava vazia com apenas uma garrafa de água. Agora, carnes, iogurtes, sucos e verduras doados por policiais civis do Distrito Federal abastecem a cozinha da família. Emocionado com a repercussão do caso, o eletricista diz estar arrependido de ter furtado dois quilos de carne na tarde de quarta-feira (13), em Santa Maria (DF).

"Estava havia dois dias sem comer e precisava também alimentar meu filho. Não justifica, porém foi por extrema necessidade. Não faria de novo."

O morador de Jardim Ingá, distrito de Luziânia (GO), a 50 km de Brasília, diz que pensou no filho Diego, 12, desde o momento em que foi preso até sua soltura.

"Pedi para que os policiais levassem as compras para a minha casa. Meu filho tinha ido para a escola sem almoçar e fiquei bastante preocupado", diz o eletricista.

A casa com cômodos pequenos ainda não terminou de ser construída. O telhado ainda não foi finalizado e o reboco está pela metade. Pai e filho dividem o mesmo quarto e dormem juntos em uma cama.

Na casa não há aparelhos eletrônicos, armários nem guarda-roupas. Foi necessário se desfazer dos móveis para conseguir dinheiro. "Perdi as contas de quantas vezes a água e a luz foram cortadas."

Lima sonha em ter um trabalho e dar uma vida digna para o filho.

"Sempre procurei emprego, porém está difícil conseguir algum. Minha maior vontade é construir um quarto lindo para que o Diego possa trazer os amigos, brincar e fazer as lições de casa", afirma.

Apesar do crime cometido, o estudante Diego diz ter orgulho do pai.

"Sei que ele fez isso porque estávamos precisando. Meu pai já deixou de comer para que eu pudesse me alimentar. Ele é trabalhador e sei que não fará isso de novo."



Doações

Além das doações de policiais, o eletricista vem recebendo dinheiro, utensílios para casa e alimentos de pessoas que se solidarizaram com o caso.

O autônomo Luiz Anselmo, 47 anos, mora em São Paulo e está de férias em Brasília na casa da mãe.

"Fiquei sabendo da notícia e decidi doar R$ 100. Fiquei emocionado com a situação, pois ele cometeu o crime por extrema necessidade. Vemos diariamente tantos casos de corrupção que os autores nem são presos."

Lima também recebeu um botijão de gás, utensílio que ele não via há anos. "Para preparar um ovo frito, por exemplo, improvisei uma espécie de fogão a lenha e fazia tudo ali mesmo. O importante era alimentar o meu filho", diz.

Fonte: UOL

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