Finalmente, depois de seis anos de transtornos por causa da buraqueira, os motoristas e empresários locais comemoram o fim do serviço de recuperação do trecho de 40 quilômetros da rodovia BR-230, conhecida por Transamazônica, entre as cidades de Várzea Alegre e Farias Brito, na região Sul do Ceará.
Desde 2008, que o asfalto no trecho entre Várzea Alegre e Farias Brito já dava sinais de desgaste por causa do tráfego intenso e da quadra invernosa. Os buracos foram aumentando a cada ano e o trecho ficou praticamente intransitável. O tempo de percurso de 30 minutos dobrou.
O trecho da BR-230 faz ligação entre as rodovias estaduais CE-060 (conhecida Estrada do Algodão) e a CE-386, que foi reconstruída no ano passado, entre Farias Brito e a cidade do Crato. A rodovia é o principal acesso entre as regiões Cariri e Centro-Sul.
Ordem de serviço
Em fevereiro passado, foi assinada ordem de serviço para a recuperação do asfalto danificado. Os serviços chegaram a ser iniciados, mas a empresa responsável pela obra, a Delta Construções, suspendeu o trabalho em decorrência de denúncias que surgiram no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), sobre irregularidades e desvio de recursos praticados pela empreiteira.
Em agosto passado, a obra de recuperação do asfalto foi retomada e, nesta semana, foi concluída. A estrada estragada trazia transtornos para os motoristas e reduziu o fluxo de veículos por Várzea Alegre para chegar à região do Cariri. A alternativa de muitos condutores foi seguir por meio da Rodovia Padre Cícero no trecho entre Mangabeiras e Caririaçu.
A queda no movimento de veículos afetou o comércio local. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Várzea Alegre, Luís Fernando Costa Cavalcante, disse que havia o temor entre os empresários de que a cidade ficasse isolada. "Tivemos prejuízo por causa da queda no tráfego de veículos", disse. "Finalmente o serviço foi concluído, mesmo com tapa-buraco, e ficou bom".
O gargalo histórico da BR-230 ocorre no trecho entre Várzea Alegre e Farias Brito. "Fizemos muitas manifestações e pedidos para a recuperação desse trecho", observou Fernando Costa. "Agora esperamos que o serviço tenha durabilidade".
O prefeito de Várzea Alegre, Zé Hélder Máximo, chamou a atenção para a necessidade de serviços de manutenção das rodovias. "Não adianta apenas fazer serviço emergencial ou mesmo reconstruir uma rodovia se não houver manutenção permanente", disse. "Quando chega o período das chuvas, os buracos começam a reaparecer".
Os donos de postos de gasolina e de restaurantes nas margens da rodovia BR-230 estão esperançosos de que o movimento dos clientes volte à regularidade. "Houve uma queda de mais de 50%", disse o empresário José Alves Bezerra. "Muitos motoristas deixaram de viajar por aqui". Alguns estabelecimentos comerciais chegaram a fechar nos últimos dois anos por causa do reduzido número de clientes.
Os topiqueiros também comemoraram, com queima de fogos na tarde da última terça-feira, a conclusão do serviço de tapa-buracos. "A rodovia estragada era perigosa e houve muitos acidentes", contou o motorista Francisco José Moreira.
Por causa dos inúmeros e sucessivos buracos ao longo do trecho, os carros andavam em ziguezague para desviar das verdadeiras crateras. Muitos reclamavam de pneus estourados e veículos danificados.
No Ceará, há 2.181 quilômetros de rodovias federais sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).
As estradas mais danificadas são a BR- 222, que liga Fortaleza à Região Norte, a BR-020 e a BR-116, que ligam a Capital ao Sul do Estado.
Pelo menos, em 400km dessas duas vias há trechos danificados, apresentando buracos e deficiência na sinalização.
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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