Fóruns no interior: Falta segurança, sobra vulnerabilidade

A entrada no prédio é livre. Não há guarda na porta. Você chega e, sem qualquer abordagem, pode entrar em qualquer sala do Fórum Desembargador Antônio Banhos Neto, em Mulungu, no Maciço de Baturité. Durante a noite, só um vigia protege o prédio e tudo que ele guarda. E é um vigia - importante ressaltar - para proteger toda a rua Antenor Frota Wanderley, não apenas o fórum.

Por causa dessa carência, o Desembargador Antônio Banhos Neto foi alvo de furto no mês passado. Somou-se às outras nove unidades vítimas de furtos e tentativas neste ano. A média em 2012 é de 1,1 fórum atacado a cada mês. As ações já são recorde em relação aos dois anos anteriores. Em 2010, dois fóruns foram invadidos, e em 2011, sete.

O POVO visitou três desses fóruns violados em 2012 e constatou: falta segurança e sobra vulnerabilidade.

Em Mulungu, a grade de uma janela foi arrombada exatamente no dia em que o vigia da rua tinha faltado ao trabalho. Os bandidos foram até uma sala, onde estavam guardados cinco revólveres apreendidos, quebraram a fechadura e furtaram as armas . Ninguém foi preso e o armamento nunca foi recuperado.

Para o sargento Celso Alves, chefe da PM em Mulungu, a insegurança no Interior não é particularidade dos fóruns. “Falta efetivo. Nós atendemos toda uma cidade de 10 mil habitantes. A Polícia não tem como ficar dando suporte só ao fórum”, admite. Mulungu tem apenas três policiais militares.

Assim como em Mulungu, o fórum Doutor Gilberto Dias, de Aratuba, também não conta com segurança. Mesmo com o vigia noturno, o prédio foi arrombado duas vezes em menos de um mês, entre o fim de 2011 e o começo do ano. Na primeira ação, o guarda foi feito refém, mas os bandidos desistiram - de algo que poderia ser o furto das cinco armas guardadas no prédio naquele dia. Já na segunda vez, em janeiro, apenas uma motosserra foi levada.

Em Canindé, em julho, um grupo rendeu o vigia, no começo da noite, e “facilmente” teve acesso à sala em que o armamento é guardado, segundo o diretor do Fórum Doutor Gerôncio Brígido Neto, juiz Paulo Sérgio dos Reis. Dias antes, as armas tinham sido encaminhadas para destruição. Depois da ocorrência, diz o juiz, um guarda municipal passou a colaborar com a segurança - já realizada por um PM.

Tensão
Se nos fóruns-vítima a tensão pelo ocorrido faz parte do cotidiano, nos demais é o medo do incerto o causador de aflição. “Não temos nada de aparato de segurança. O que tem é improvisado”, reconhece a diretora de secretaria do Fórum Vicente Nogueira Sales, Emmanuele Chaves Garcia, em Redenção. No prédio, as portas são abertas às 8horas. O policial responsável pela guarda, porém, só chega às 9 horas. “Estamos entregues a Deus aqui”, lamenta Emmanuele.

Em frente ao Fórum Vicente Bessa, de Aracoiaba, até há um segurança. O agente de cidadania do Município, porém, está armado apenas com um cassetete e admitiu: “não tenho como bater de frente com assaltantes que vêm armados.”

Em Baturité, o Fórum Governador Virgílio de Moraes Fernandes Távora até conta com um PM (da guarda patrimonial) e um agente de cidadania. Eles estão em uma das cinco entradas do grande prédio. Porém, o desejo da diretora, juíza Fabiana da Rocha, e da promotora da 1ª vara, Iertes Pinheiro, era a presença de um PM da ativa. “Deveria ter um olhar maior da segurança pública para os fóruns”, diz Iertes. “Vivemos uma vulnerabilidade.”

Mariana Lazari

Foto meramente ilustrativa

Fonte: O Povo

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