Crato (CE): Apae continua em risco de suspensão das atividades

A crise financeira que vem se arrastando desde o início deste ano junto à Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais deste município (Apae-Crato), continua preocupando a direção da entidade, bem como pais e responsáveis pelos 133 alunos matriculados na instituição, que temem pela possibilidade da paralisação das atividades ministradas no equipamento, caso as dívidas existentes não sejam quitadas e não sejam criadas as condições necessárias para a manutenção mensal da unidade.

Além das dívidas acumuladas em 2014, cerca de R$ 167 mil, as folhas de pagamento dos funcionários estão atrasadas há mais de três meses. Também há atraso no pagamento de fornecedores e necessidade de reparos na estrutura física de algumas salas de aula onde atividades são ministradas, bem como em veículos utilizados pela instituição. Atualmente, conforme a direção da unidade, a Apae do Crato sobrevive, apenas, por meio de doações realizadas por populares ou setores da sociedade civil organizada.

Até setembro do ano passado, a instituição recebia, por meio de um convênio, cerca de R$ 2,7 mil mensais do Fundo Nacional da Assistência Social. A parceira, no entanto, deixou de ser mantida sem que qualquer informação sobre os motivos pelos quais os recursos deixaram de ser disponibilizados fosse repassada à instituição. Em 2014, a unidade foi beneficiada com a liberação de cerca de R$ 7,5 mil pelo Município como forma de auxiliar na contratação de dois profissionais da área da saúde, um psicólogo e uma fisioterapeuta, garantindo, desta forma, o atendimento aos alunos.

Os recursos foram disponibilizados por meio de um convênio firmado pela Apae do Crato e a Secretaria de Saúde do Município. A manutenção do convênio para o exercício financeiro deste ano, no entanto, também não foi mantida. Porém, buscando minimizar o déficit financeiro da instituição, a Prefeitura vem se responsabilizando pelo pagamento de 13 dos 23 funcionários que ainda permanecem trabalhando na unidade.

Insuficiente
"Estes servidores foram cedidos pelo Município como forma de mantermos o funcionamento das atividades. Ainda assim, o número de professores é insuficiente para atender a todos os alunos", observou a diretora administrativa da Apae de Crato, Socorro Alves. No fim do mês de janeiro deste ano, uma reunião envolvendo diversos segmentos da sociedade local discutiu os problemas enfrentados pela unidade. O encontro resultou na sugestão de ações que poderiam melhorar a situação financeira da instituição.

"Foi proposto que fosse iniciada uma campanha com a finalidade de arrecadar recursos para a compra de um automóvel que, posteriormente, seria colocado como prêmio em uma rifa a ser vendida com a ajuda de alguns parceiros. No entanto, até agora, só foram arrecadados cerca de R$ 6 mil. Necessitamos, pelo menos, de R$ 20 mil para comprar o veículo", informou a diretora. Segundo ela, a unidade vem realizando atividades durante os fins de semana objetivando angariar recursos.

"Nós conseguimos firmar uma parceria importante com a direção do Parque de Exposições, no sentido de que, durante oito domingos, a bilheteria de um evento conhecido como "Forró dos Velhos" seja destinada à Apae. Três eventos foram realizados e isso nos rendeu algo em torno de R$ 8 mil".

Socorro Alves disse, ainda, que a entidade também recebe recursos advindos de parcerias firmadas com a Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato (SAAEC) e com a Companhia Energética do Ceará (Coelce). Somados esses recursos adquiridos, a entidade lucrou no mês passado cerca de R$ 2,6 mil.

"Mesmo com essas atividades e parcerias, o recurso que existe é muito pouco. Continuamos acreditando ser possível mudar o atual quadro. Mas, para que isso aconteça, é preciso que haja maior envolvimento por parte do próprio governo municipal e organizações governamentais e não governamentais. Caso houvesse o retorno e a ampliação do convênio que possuíamos com o Município, teríamos a condição de trabalharmos com maior tranquilidade", avaliou a diretora.

O secretário de Saúde do Crato, Antônio Lucemilton de Sousa Macedo, informou que o Município estuda uma maneira de auxiliar a instituição por meio de novos convênios. Ele afirmou, no entanto, que os valores a serem firmados ainda não foram definidos e que uma reunião envolvendo outras secretarias deverá acontecer até o fim desta semana para discutir o assunto.

"O que ficou estabelecido foi a cessão de servidores para que houvesse a manutenção do trabalho realizado pela Apae. O prefeito Ronaldo Mattos solicitou que fosse feito um estudo sobre a possibilidade da criação de convênios pela secretaria de Saúde, Educação ou da Assistência Social. Até o fim desta semana, nós estaremos reunidos para definir as questões que ainda estão pendentes", disse.

Para prestar serviços à pessoa com deficiência
A principal missão das Apaes é a prestação de serviços que possibilitem a melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência e a conscientização da sociedade no que se refere à necessidade da participação coletiva durante as ações desenvolvidas com este propósito, além da promoção e articulação das ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência e representação do movimento perante os organismos nacionais e internacionais visando a inclusão social de seus usuários.

A Apae do Crato foi fundada em 1969, pela professora Eunice Barroso Damasceno, então presidente da Sociedade Pestalozzi do Ceará, com a finalidade de buscar garantir atendimento, prestação de serviços e maior dignidade aos portadores de necessidades especiais. A entidade é pioneira em todo o interior cearense. Durante o início dos trabalhos, foram realizadas pesquisas objetivando o conhecimento das necessidades relativas ao tipo de atendimento a ser oferecido, bem como um chamamento aos diversos setores da sociedade local como forma de atrair a população à contribuir com o desenvolvimento dos trabalhos da entidade.

Mais informações
Apae-Crato
Telefone (88) 3521-1823

Secretaria Municipal de Saúde
Telefone (88) 3523-3823
Crato-CE

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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