Fóssil de cobra pode ter sido levado do Cariri

A mais nova descoberta do mundo científico publicada na revista 'Science', na última quinta-feira, de um fóssil de nova espécie de cobra com quatro patas, que viveu há mais de cem milhões de anos, abre precedentes para material de grande valor científico extraído da área da Bacia Sedimentar do Araripe. A peça de origem da formação Crato, se encontra no Museu Bürgermeister-Müller, em Solnhofen, na Alemanha, e foi descrita pelo cientista David M. Martill, paleontólogo da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, Helmut Tischlinger e Nicholas Longrich.

Para estudiosos brasileiros, tudo leva a crer que esse material foi levado de forma ilícita do Brasil, mas não há como comprovar essa questão. A lei proíbe comercialização de fósseis desde 1942. O fóssil raro é o primeiro de uma cobra com quatro patas e cinco dedos, o que vem mudar a história evolutiva desses répteis, passando quatro estágios.

O pesquisador e coordenador do Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca), Álamo Feitosa, diz que não há como se ter ideia de quando esse material saiu da região, por ser produto do tráfico. Ele destaca a ineficiência da fiscalização na área, mesmo havendo atualmente maiores dificuldades para que ocorra a saída ilegal de forma mais intensa.

Venda de fósseis
Em relação ao pesquisador David Martill, Álamo afirma que há mais de 10 anos ele esteve na região, mas afirma que o resultado das suas publicações em relação à Bacia Sedimentar é proveniente do tráfico. Álamo diz que, o próprio paleontólogo do Reino Unido defende de forma aberta a venda de fósseis, o que é proibido por lei no Brasil.

Descobertas tão importantes quanto essa poderão surgir nos próximos anos, conforme o pesquisador Álamo Feitosa. "Essa descoberta muda a árvore genealógica da cobra e esclarece sobre a origem do réptil. Um elo perdido", afirma. Tendo em vista a cadeia alimentar e evolutiva que vem sendo revelada nos últimos tempos, o pesquisador afirma que é até previsível que nos próximos anos, uma descoberta de grande impacto possa surgir por meio de fósseis extraídos da Bacia do Araripe, que é do mamífero que vai mostrar a origem dessas espécies.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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