O sonho de possuir um carro ou motocicleta se tornou um pesadelo para muita gente de Juazeiro do Norte que apostou na Compra Premiada Cariri (Compramil) com sede no cruzamento das ruas São Pedro e São Bernardo no centro da cidade. A suspensão nas atividades da empresa foi decretada pela justiça e está levando centenas de pessoas em busca dos seus direitos. O primeiro passo é fazer um BO (Boletim de Ocorrência na 20ª Delegacia Regional de Polícia Civil e, depois, registrar queixa no DECOM.
Com isso, nesses dois órgãos públicos, as filas são enormes num verdadeiro contratempo, inclusive para trabalhadores obrigados a perderem um dia de serviço. A empresa está sendo investigada por meio de inquérito policial na 20ª DRPC e pelo próprio Ministério Público. Há quase quatro anos a funcionária pública do município, Maria de Lurdes do Nascimento Silva, de 37 anos, destina 33% do seu salário para pagar as prestações da Compramil.
Ela mora no Sítio Caras do Umari em Juazeiro e pagou 46 meses no valor de R$ 225,00 totalizando mais de R$ 10 mil sonhando em ter sua moto. “Eu quero meu dinheiro de volta”, apela Lurdes acrescentando que no lugar onde reside muitos familiares e vizinhos estão na mesma situação causando uma sangria na circulação de renda no Sítio Carás do Umari. O seu irmão, Moisés Silva tenta receber a moto a que fez jus desde outubro do ano passado.
O aposentado Valdemar Gomes da Silva tem 78 anos, é viúvo e mora na Rua Boa Vista no centro de Juazeiro. Ele já pagou mais de R$ 3 mil para ter uma moto e disse estar se sentindo enganado. Na manhã desta quinta-feira, ele falava em desistir de buscar seu dinheiro de volta por conta das “dificuldades e do disse me disse”. Não é o mesmo pensamento do jovem Jonas Teixeira de Souza, de 22 anos, que reside no bairro Novo Juazeiro e trabalha como auxiliar de laboratório.
Ele garante que vai até o fim após pagar 29 parcelas no valor de R$ 600,00 totalizando R$ 17,4 mil para ter o seu próprio carro. Ainda faltavam 30 e o mesmo chegou cedo à delegacia onde já tinha registrado o BO quando partiu na direção do DECOM. Já o comerciário Pedro Augusto da Silva disse que nunca tinha visto tanta gente enganada de uma só vez e junta. “Nunca quis saber desse canto da sereia”, se esquivou. Por outro lado, equipes do Ronda do Quarteirão seguem se revezando na segurança do prédio onde funcionou a Compramil.
Demontier Tenório
Foto: Chinês / Ag. Miséria
Fonte: Miséria
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