Suspeito que diz ter repassado rojão que feriu jornalista em protesto no Rio é preso

Fábio Raposo Barbosa, de 22 anos, manifestante que admitiu ter repassado um artefato para outra pessoa pouco antes de o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos, ser atingido durante protesto, foi preso na manhã deste domingo (9), em cumprimento ao mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Fábio foi localizado na casa dos pais, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.

Depois da prisão, o rapaz foi levado para a 17º DP (São Cristóvão). Ele chegou ao local por volta das 9h55 na companhia do delegado.

No sábado (8), Fábio foi indiciado pela polícia como coautor dos crimes de explosão e tentativa de homicídio qualificado. Um segundo homem, suspeito de jogar o artefato, ainda estava sendo procurado pela polícia na manhã deste domingo.

O cinegrafista foi ferido em ato contra o aumento das passagens de ônibus, quinta-feira (6), perto da Central do Brasil. Santiago foi ferido na cabeça e teve afundamento de crânio. Até as 8h50 deste domingo (9), ele seguia em coma no Hospital Municipal Souza Aguiar. O estado de saúde dele era considerado grave.

O paciente respirava por aparelhos. Segundo o hospital, ele teve um afundamento craniano e passou por uma cirurgia na cabeça, que durou 4 horas e foi considerada "bem-sucedida" pelos médicos. Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com a operação foi possível conter a hemorragia na cabeça do cinegrafista e controlar a pressão no crânio.

"Nosso principal objetivo é identificar o elemento que efetivamente deflagrou o artefato que atingiu o Santiago. Nas imagens, ele [Fábio Raposo] repassa o petardo para aquele que deflagrou. O fotógrafo do jornal O Globo que presenciou [o momento] vai poder dizer se o Fábio tentou acender ou não", disse o delegado Maurício Luciano, durante coletiva no sábado.  Ele afirmou, ainda, acreditar que o depoimento dado pelo tatuador na madrugada deste sábado é "inverossímil".

"Ele estava extremamente nervoso, gaguejando. Ele diz que não conhece o outro e as imagens mostram que eles tinham uma certa intimidade. Tudo que ele falou não se coaduna com as imagens", completou o delegado.

Fábio Raposo se apresentou na manhã de sábado na 16ª DP (Barra da Tijuca) e disse que segurou o artefato, mas que não o acendeu. Após ver as imagens gravadas pela TV Brasil, o delegado Fábio Pacífico, adjunto da 17ª DP e também responsável pela investigação, afirmou que a declaração de Raposo é "fantasiosa".

Investigação
A Polícia Civil está analisando as imagens do Comando Militar do Leste, da CET- Rio, da Supervia, da BBC, da TV Brasil e as do próprio Santiago para tentar identificar o rapaz.

José Pedro Costa, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, também esteve na coletiva de sábado. "A gente acredita que ele [Fábio Raposo] é partícipe. Quando ele entrega o artefato, ele sabe que vai ser deflagrado, por isso ele está sendo tratado como coautor", explicou o delegado titular.

Detido outras vezes
Fábio Raposo já esteve detido duas vezes, sempre por algo ligado às manifestações, segundo a polícia. Uma delas foi registrada na 5 ª DP (Mem de Sá) no dia 7 de outubro de 2013. Na ocasião, o tatuador foi fichado pelos crimes de dano ao patrimônio público e associação criminosa.

Em uma outra ocorrência, registrada no dia 22 de novembro de 2013 na 14ª DP (Leblon), Raposo foi autuado pelo crime de ameaça.

Ligação com black blocs
Segundo o delegado, não é possível dizer ainda que os suspeitos são black blocs. “Eles não estavam com uma vestimenta característica dos black blocs. Ambos estavam de camiseta cinza. A gente está vendo nas imagens se eles já estavam caminhando juntos antes de provocarem esse crime.” O delegado contou, ainda, que Raposo diz não ter relação com nenhum grupo ideológico. “A gente não pode taxá-lo de black bloc. A gente vai fazer uma investigação em redes sociais ouvindo pessoas para ver se ele realmente integra essa organização.”

O delegado pedirá também auxílio da DRCI para saber se há a possibilidade de investigar trocas de mensagens de Raposo através do Facebook e então chegar ao autor da deflagração do explosivo que atingiu o cinegrafista.

Fonte: G1



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