Pacífico, protesto em SP reúne milhares de pessoas a favor de Dilma

Integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outras centrais sindicais, movimentos populares e estudantis ocuparam a Avenida Paulista no ato que faz parte do Dia Nacional de Lutas. O protesto, segundo a Polícia Militar, chegou a reunir 12 mil pessoas, mesmo com a chuva que atingiu a região. Os manifestantes falaram em 40 mil pessoas. O grupo seguiu em direção ao centro de São Paulo sem nenhum tipo de confronto com opositores ao governo, ao contrário do que se esperava.

Com discursos distintos, o protesto desta sexta-feira (13) teve como bandeiras a defesa da Petrobras, da democracia e da reforma política e contra as medidas de ajuste fiscal que prejudicam os trabalhadores e foram anunciadas pelo governo nos últimos meses.

Parte dos manifestantes também se mostrou contrária ao impeachment e a favor da presidente Dilma. Alguns participantes arriscaram cantar "Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma."

Em clima de festa, com vendedores ambulantes e ao som de forró e do grito de guerra "O Povo Unido Jamais Será Vencido", os manifestantes ocuparam áreas da avenida mais importante da cidade.

"Esta falácia de que o governo Dilma é corrupto não existe. Temos orgulho da nossa luta e da nossa história", gritava o vocalista da banda que toca músicas pop em cima do trio elétrico da manifestação. O líder da banda, Ernesto Guervala, afirmou: "Esse protesto é contra o fascismo nojento da direita do nosso Brasil!".

Segundo o presidente da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Onofre Gonçalves, o ato desta sexta-feira foi contra o pedido de impeachment da presidente da República Dilma Rousseff, embora não seja uma ação contrária ao protesto marcado para domingo (15) no País.

“Nosso ato não é contra outro ato. Nosso ato é em defesa da soberania nacional e da Petrobras. Quem quiser falar contra isso, faça o ato no domingo”, destacou. “Se tem alguém querendo um terceiro turno, isso não está escrito na Constituição. A eleição brasileira é em dois turnos. Se alguém está esperando o terceiro deve esperar as próximas eleições”, acrescentou.

Segundo Gonçalvez, além da defesa da Petrobras, a ação reivindica uma reforma política no País, com o fim de financiamento privado de campanhas e a preservação de direitos trabalhistas: “É um ato dos trabalhadores e trabalhadoras em que nós reivindicamos, primeiro, que as Medidas Provisórias [que alteram benefícios trabalhistas e previdenciários] sejam revistas porque mexem em direitos e não queremos que se mexa em nenhum direito dos trabalhadores. Segundo, estamos também defendendo a Petrobras, que é uma das estatais do povo brasileiro, gerando milhões de empregos e não pode ser privatizada e fragilizada a ponto de servir aos interesses internacionais.”

"Estamos em defesa da Petrobras, dos direitos dos trabalhadores, da democracia", afirmou Waldir Tadeu David, presidente do Sindsaude, ligado a CUT. "Temos de respeitar o governo eleito democraticamente. Golpe não! E é o que a direita brasileira está fazendo. Acredito que a maioria aqui não está para defender Dilma, mas a democracia, o direito adquirido na eleição."

Os integrantes do SindSaúde-SP saíram da Secretaria Estadual de Saúde, na Avenida Doutor Arnaldo, para se juntar ao ato da CUT. A Avenida Paulista foi fechada nos dois sentidos por volta das 15h30 e a passeta foi iniciada às 16h.

O secretário-geral da CUT Argentina também marca presença no ato. "Trago da Argentina nossa solidariedade com a classe trabalhadora, pela Petrobras e pelo povo brasileiro. Pelo petróleo do Brasil, da Argentina, da Bolívia e de toda a América Latina, contra o imperialismo", disse ele, que citou Hugo Chávez (ex-presidente da Venezuela, Cristina Kirchner, da Argentina, Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales, da Bolívia, em tom elogioso.

Wagner Freitas, presidente nacional da CUT, demonstrou solidariedade aos trabalhadores da Petrobras. "Este ato será o único que vamos fazer em defesa da democracia. O Brasil vai precisar se empenhar muito para responder aos que querem acabar com a democracia no País", disse ele, afirmando também que a Petrobras pode ser empurrada para iniciativa privada. "Os trabalhadores da Petrobras estão sofrendo. Hoje, a Paulista vai ficar pequena!", bradou.

No caminhão da central, gritos contra os brancos privados. "Queremos Caixa Econômica Federal 100% pública. Itaú, Bradesco e HSBC não vão ditar as regras!"

Em passagem do ato pela Praça dos Ciclistas, cerca de dez moradores em sacadas de um edíficio criticaram o ato. Um deles chegou a exibir um cartaz com os dizeres "Fora Dilma!". Os manifestanres responderam com outros gritos e mandaram que eles pulassem das sacadas.

Ambulantes nas ruas
Enquanto o trio elétrico ressoa sucessos da música popular, dois jovens se moviam freneticamente vendendo doces a manifestantes.

Os dois, integrantes do MST que pediram pra não ser identificados, explicaram que o motivo é alimentar os presentes no ato, "pois por aqui é tudo muito caro".

Mas os petiscos não saiam de graça. Produzidos pelos próprios integrantes, os bolos de cenoura com chocolate eram vendidos a R$ 2,50, mesmo preço do suco de maracujá e da trufa. O café, o mais consumido da barraca improvisada, custava R$1.

"Olha a capa de chuva, olha a capa!". Era assim que o vendedor Manuel Marcos, de 50 anos, anunciava o seu produto. O investimento de R$ 150, segundo o ambulante, deu retorno. Cada capa era vendida a R$ 5 e ele esperava voltar para casa com R$ 500. O ambulante disse que geralmente aproveita manifestações para aumentar a renda. "Eu olhei a previsão do tempo e vim para cá", afirma.

Fonte: Último Segundo (Com informações da Agência Brasil)



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