Crato (CE): Marcha das Mulheres reflete sobre avanços dos direitos conquistados

Com a realização da I Marcha da Mulher Negra do Crato, integrantes do movimento de mulheres do município e do Cariri se reúnem para debater questões relacionadas aos avanços de seus direitos. A programação vai até o dia 25, data da marcha. Um seminário foi aberto no dia 4, no Sesc do Crato, começando a mobilização. Hoje, será realizado um evento que tem como meta fortalecer as mulheres, com um círculo de luz, na Praça da Sé, e um Encontro de Musicistas, na Organização Não-Governamental Beatos.

A programação conta com a parceria de várias instituições, tendo parceiros como o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense e Cáritas. Para as integrantes dos órgãos, este não é um momento de comemorações, mas de unir esforços para o combate a violência, racismo, desvalorização feminina no mercado de trabalho, a ausência de assistência à saúde, entre outros problemas.

Um dos dados que integrantes do Conselho da Mulher consideram importante nos últimos anos, tem sido o crescimento no número de denúncias relacionadas às agressões sofridas. Segundo a delegada titular da Delegacia da Mulher do Crato, Kamilla Brito, no último mês de janeiro, por exemplo, quase dobrou o número de denúncias de mulheres por ameaça e lesão corporal sofridas. "Elas estão perdendo o medo de denunciar. A tendência é que vá diminuindo e os homens, se conscientizando", diz a delegada, ao afirmar que a Lei Maria da Penha não brinca, e sim, dá cadeia.

A presidente do Conselho dos Direitos da Mulher Cratense, Francisca Alves, afirma que não há praticamente o que comemorar diante das dificuldades. Ela afirma que a Delegacia da Mulher se encontra sem telefone e uma viatura para realizar os procedimentos. Para Francisca Alves, a violência tem sido mais denunciada e esse fator tem sido importante por mostrara nova realidade. "Estão perdendo o medo", constata. O conselho recebe atualmente cerca de 60 mulheres, a maior parte vai ao local para denunciar questões relacionadas à violência psicológica, física e patrimonial.

Racismo
A mobilização tem sido realizada a cada dia, segundo a integrante do conselho, Verônica Carvalho. Ela afirma que até a I Marcha da Mulher Negra, está sendo realizado um trabalho com as mulheres para denunciar o racismo, preconceito e a violência. A expectativa é que tenham mais de mil participantes. Verônica afirma que um dos grandes problemas enfrentados pela mulher atualmente diz respeito ao atendimento precário na área da saúde. Dentro dessa perspectiva, vem sendo fortalecida durante a programação, uma campanha para doação de medula óssea.

Serão 25 dias de atividades, incluindo o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. O evento tem o apoio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do local, com realização do Conselho Municipal da Mulher Cratense e a Cáritas. Além de mercado de trabalho, também foram abordadas questões como o tráfico de mulheres. A I Marcha de Mulheres Negras do Cariri, no dia 25 de novembro, dia da Abolição da Escravatura no Ceará, tem o intuito de chamar a atenção para questões voltadas ao racismo e a grande incidência de mulheres negras vitimadas.

A secretária do Desenvolvimento Social, Elisângela Rodrigues, esteve participando da abertura dos trabalhos, destacando a importância da luta das mulheres e o quanto ainda há a se conquistar. Ainda ressaltou, para isso, o importante papel das instituições, além das lutas sociais. A secretária destacou a importância de contabilizar os registros relacionados às mulheres, nos Centros de Referência em Assistência Social (Creas). "Os números cresceram de forma assustadora, com casos referenciados para implementação de políticas", disse ela. A secretária frisou que o encontro é, acima de tudo, pelo reconhecimento da mulher na sociedade.

Mais informações
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense
Avenida Perimetral, S/N
Bairro São Miguel
Telefone: (88) 3521-6321

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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