Luto pela Expocrato - Por: Sandro Leonel*

Luiz onde tu estiveres, me desculpes

“Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
Se planta não nasce se nasce não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar
Cadê a flor que estava aqui?
Poluição comeu.
E o peixe que é do mar?
Poluição comeu
E o verde onde que está ?
Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu”

Era assim que Luiz Gonzaga um dos maiores representantes da cultura popular do Nordeste via o Meio Ambiente. No ano da Rio + 20 nada foi resolvido, mas Luiz já tinha a sustentabilidade na alma, enquanto os “Pseudos líderes Globais” nada de bom promovem.

Quanto ao Nordeste ele fez inúmeras homenagens em músicas imortalizadas ao longo da vida.

E sobre o Crato:

“Eu vou pro Crato
Vou matar minha saudade
Ver minha morena 
Reviver nossa amizade
Eu vou pro Crato 
Tomar banho na nascente
Na subida do Lameiro
Tomo uns trago de aguardente
Eu vou pro Crato
Comer arroz com pequi
Feijão com rapadura
Farinha do Cariri
Eu vou pro Crato
Vou matar minha saudade
Ver minha morena 
Reviver nossa amizade
Eu vou pro Crato 
Pois a coisa melhorou
A luz de Paulo Afonso
O Cariri valorizou
Eu vou pro Crato
Já não fico mais aqui
Cratinho de açucar
Coração do Cariri
Eu vou pro Crato
Vou matar minha saudade
Ver minha morena 
Reviver nossa amizade
Eu vou pro Crato 
Vou pra casa de seu Pedro
Seu Felício é velho macho
Tô com Pedro, tô sem medo
Eu vou pro Crato
Vou viver no Cariri
Cratinho de açucar
Tijolo de buriti”

No ano do seu centenário o velho Lula vem sendo homenageado em vários rincões do Nordeste e se á do nosso grande Brasil. A deferência feita ao mestre é extremamente justa, pois Luiz Gonzaga era e é um baluarte da cultura popular nordestina. Mas a cidade que o mesmo fez uma obra prima de cortesia singular promove um ato espúrio. É na cidade tida como capital da cultura, que se prometeu uma reverência ao grande filho de Januário se comete um desacato desses. Uma festa que já foi grande na essência da palavra, mas hoje é coberta de mediocridade e representa a decadência da nossa forma sócio política.

O Crato do melhor se tornou o Crato do pior, posso está sendo tacanho, mas tenho um motivo justo. Não deveríamos promover ao nosso Mestre uma consideração tão espúria, fazer uma festa em mesura a ele com esse bando de salteadores da música popular é no mínimo desrespeitoso com Luiz. Onde anda os defensores da música verdadeiramente popular nordestina: Targino Gondim, Quinteto Violado, Flávio José, Santana, Dorgival Dantas, Gilberto Gil, Alceu Valença, entre outros tantos. Mas no Crato de Bárbara estamos vivendo o Crato da barbárie musical. Triste, decepcionado, revoltado, saudosista, nada eu na verdade estou pedindo desculpas ao Mestre onde quer que ele esteja, pois aqui tem gente que não aceita este ato espúrio.

Sugiro aos gestores da tal festa, retirem pelo amor de DEUS a tal proferida homenagem, pois na verdade é um insulto ao Mestre Luiz Gonzaga.

Isto é um assalto a quem venera a cultura popular nordestina.

Luto pela morte de uma grande festa que existiu, mas hoje não passa de uma profanação a vulgaridade.


* Artigo publicado mediante autorização expressa do autor. Todos os direitos reservados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis