Novo presidente paraguaio faz seu juramento, enquanto Lugo busca retomada

O novo presidente do Paraguai, o liberal Federico Franco, fez o juramento de seu cargo nesta segunda-feira (25) em uma cerimônia realizada no palácio presidencial, em Assunção, ao mesmo tempo em que o ex-mandatário Fernando Lugo dava uma entrevista coletiva para reiterar sua intenção de retomar o poder.

O juramento dos nove ministros do novo governo -- a maioria do Partido Liberal -- aconteceu no mesmo momento em que terminava a entrevista coletiva de Lugo, na qual ele anunciou a criação de um gabinete paralelo que, segundo o ex-bispo, será encarregado de "monitorar" o novo governo de Franco.

Só dois dos novos ministros de Franco -- os da Agricultura, Enzo Cardozo; e da Indústria, Francisco Rivas -- faziam parte do Executivo de Lugo, que foi destituído na última sexta-feira (22) em um "julgamento político" do Legislativo. Logo após sua deposição, Lugo reconheceu o novo presidente, mas agora sua postura sofreu uma reviravolta.

Os demais ministros do novo Executivo paraguaio são: José Félix Fernández, das Relações Exteriores; Carmelo Caballero, do Interior; Horacio Galeano Perrone, de Educação e Cultura; Enrique Salyn Buzarquis, de Obras Públicas, e María Liz García, da Defesa Nacional, a primeira mulher a ocupar este cargo no país.

Também assumiram os ministros de Saúde Pública, Antonio Arbo, e da Justiça e Trabalho, María Segóvia.

Cinco ministros escolhidos para o novo governo pertencem ao Partido Liberal, enquanto o titular da Educação está inscrito no Partido Colorado e o da Defesa no "oviedista" Unace, segundo a imprensa local.

O ato oficial demorou 15 minutos para começar, justamente quando Lugo terminava sua entrevista coletiva na sede do Partido País Solidário (PPS), do esquerdista Frente Guazú. Na ocasião, o ex-presidente paraguaio insistiu em dizer que foi vítima de "um golpe de Estado parlamentar" e que Franco "não tem nenhuma autoridade".

"Federico Franco -- não o chamo de presidente -- não tem autoridade para convocar o presidente Lugo para ser o mediador dos conflitos internacionais”, afirmou o ex-bispo, referindo-se às declarações de Franco, que disse que o procuraria para tentar resolver os problemas diplomáticos pós-destituição.

“Aqui houve uma quebra institucional do processo democrático, e esta quebra é reconhecida pela maioria da comunidade internacional”, continuou, em alusão aos países latino-americanos que não reconheceram seu impeachment.

O ex-bispo disse que haverá mais reuniões como a de hoje, do chamado "gabinete pela restauração democrática", para reunir "todas as forças que querem resistir" à tomada de poder por parte de Franco.

"Queremos nos transformar em fiscais observadores para monitorar os novos ministros", comentou Lugo, que ressaltou que buscarão a "restituição da ordem democrática" com apoio de uma resistência cidadã pacífica.

A maioria dos colaboradores que participaram da reunião com Lugo são ministros e secretários de seu Executivo e pertencentes à Frente Guazú, que sustentava o governo do presidente destituído junto ao Partido Liberal.

Lugo também revelou que conversou com a presidente argentina, Cristina Kirchner, e assegurou sua participação na Cúpula do Mercosul, que será realizada nos dias 28 e 29 na cidade argentina de Mendoza. O Mercosul decidiu excluir o Paraguai da reunião. Lugo, por sua vez, afirmou que irá explicar sua situação durante o encontro.

"O presidente Lugo está solicitando sua presença nessa reunião para poder explicar o que ocorreu no Paraguai", disse o próprio ex-mandatário.

Fonte: UOL

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