Caso Cachoeira: Ex-assessor de Agnelo chora na CPI

Cláudio Monteiro, o ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), chorou ontem durante o depoimento na CPI do Cachoeira no momento em que o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) elogiava sua postura. "Hoje, eu diria que Vossa Senhoria sai daqui com a cabeça erguida, que sua postura é a que se espera de alguém que tenha caráter", disse, o que levou o depoente às lágrimas.

Sampaio decidiu não fazer perguntas ao ex-chefe de gabinete e considerou acertada a decisão dele de não falar sobre seu filho João Cláudio Monteiro, de 33 anos. Segundo ele, o filho era dono de uma empresa que tinha veículos para transportar resíduos no DF, um contrato que o governo local mantém com a Delta Construções.

A empreiteira é suspeita de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Monteiro disse que seu filho, maior de idade, é quem tem que responder pelos atos dele. O deputado do PSDB disse que o ex-chefe de gabinete estava certo.

Mais cedo, o ex-chefe de gabinete admitiu ter tido três encontros com o araponga Idalberto Mathias, o Dadá. O primeiro foi a participação em uma feijoada durante a campanha de 2010 promovida por Dadá. Os outros dois encontros ocorreram, no ano passado, com o ex-diretor regional da Delta Construções Cláudio Abreu para tratar do contrato de limpeza urbana em Brasília. Dadá acompanhava Abreu.

Questionado se outra pessoa pode ter recebido propina do esquema de Cachoeira, Monteiro disse que não pode negar peremptoriamente "Não posso afastar essa hipótese. Se isso ocorreu, foi sem meu consentimento, sem a minha aceitação", afirmou. Monteiro deixou o cargo de chefe de gabinete do governador Agnelo no início de abril, após escutas da Polícia Federal apontarem suposta ligação entre ele e integrantes do grupo de Cachoeira. Ele se diz alvo de uma disputa política.

No início da sessão, Monteiro apresentou documentos colocando à disposição a quebra de seus sigilos bancários, fiscal e telefônico, e dos três filhos. Mesmo respaldado por um habeas corpus, que concede o direito de permanecer em silêncio, Monteiro decidiu responder às questões dos integrantes da CPI.

Ele afirmou ainda nunca ter se encontrado ou tido contado com o empresário Carlos Cachoeira, preso desde o último dia 29 de fevereiro, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais.

Entre as suspeitas contra ele, está a de ter recebido um rádio Nextel, aparelho que também foi distribuído para outros integrantes do grupo.

Cabo de chicote
O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou ontem que não vai se "intimidar", numa referência ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). De passagem por Brasília mais cedo, Perillo cobrou isenção do relator, pedindo a ele que não seja "cabo de chicote". 

Fonte: Diário do Nordeste

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