Natureza "diz" a profetas que chuvas vêm em março

O inverno deste ano será bom, mas chuva para valer mesmo só a partir de março. É o que anunciam os “profetas da chuva”, reunidos em Quixadá, no Sertão Central, na tarde do último sábado. Há 16 anos, eles vão à Cidade falar de suas experiências de previsões da quadra chuvosa no Nordeste.

Vindos do município e de outras cidades da região, cerca de 30 profetas contam como enxergam em astros, nuvens, animais, plantas – e até em revelações místicas – recados da natureza.

Edilson Castelo Branco, 46, de Cipó dos Anjos, em Quixadá, é daqueles que ouvem estrelas. Ele observa a Dalva, o planeta Vênus, caminhar no céu. “Agora, ela já está voltando para a posição norte. A passagem dela vai ser em junho. É sinal de inverno bom, que nem 1985”, compara ele, que olha longe quando fala de cor todos os anos de seca, inverno bom e repiquetes, período de chuva pouca.

Chico dos Santos, o Chico Leiteiro, 73, diz que em janeiro começam chuvas isoladas, mas em fevereiro começa a melhorar, chovendo até junho. Ele observa canto de sapos em monturos, floração de árvores, produção de abelhas e o vento Aracati.

“Depois do inverno ele chega aqui às 8h, 8h30 da noite. Agora em dezembro já chega às 4 ou 5h da tarde. É sinal de inverno bom”, garante ele, que diz ter herdado de “rede” o dom de observar a chegada do inverno. Sobre o vento Aracati, ele conta que identificá-lo não é para todos, pois “ver é uma coisa; conhecer é outra”.


Flores, estrelas e fé
Entre os profetas da chuva, há também profetisas e aprendizes dessa arte. Meurismar Dias, 31, esconde na simplicidade o muito que já aprendeu com a avó sobre ler florações de “sombreão”, juazeiro e feijão bravo.

“O ‘sombreão’ florou mais tarde este ano. Sinal de que chove uns meses mais, outros menos”, conta Meurismar, que também sabe observar a constelação que chama de “Arca de Noé”. “Ela tem formato de concha, mas já está desemborcando. Isso é bom”, atesta ela.

As previsões da pequena Maria de Jesus Vieira, 74, de Morada Nova, vêm de um alto mais elevado. Ela se apega aos “santos do bom inverno”, que aparecem a ela, segundo conta, em revelações “muito ‘idênticas’, assim como estou vendo você”, compara.

Maria de Jesus conta que um dia acordou na rede com o braço curvado e uma fruta vermelha entre seus dedos. “Passei a mão na fruta e corria aquela água. Nossa senhora se aproximou de mim e disse: ‘Haverá um bom inverno, mas vai depender de muita oração e muita fé’”.

Fonte: O Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis