Fraude na venda de combustível pode ficar sem punição

Os responsáveis pelo golpe em que postos fraudavam a venda de combustíveis podem ficar sem punição, pelo menos foi o que declarou nesta sexta-feira (13) o diretor técnico do Ipem-PR (Instituto de Pesos e Medidas do Paraná), Shiniti Honda.

“[Até agora] não há como provar que houve fraude. É possível que, na falta de provas, ninguém seja responsabilizado”, falou. Apenas o dono da empresa suspeita de distribuir o dispositivo que comandava a fraude, Cléber Onésio Alves Salazar, está detido, em prisão provisória.

O golpe, denunciado no último domingo (8) em reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, usava uma placa eletrônica, instalada na bomba e acionada por controle remoto, para fazer o visor indicar um volume de combustível maior que o colocado no tanque do carro. A diferença chegava a mais de 5%.

A Power Bombas, empresa de Salazar, era credenciada pelo Inmetro e pelo Ipem para fazer manutenção nas bombas. Apenas no Paraná, ela atendia a 44 postos.

Nas visitas que fez nos últimos dias a 34 postos cujas bombas eram mantidas pela empresa, o Ipem encontrou em oito deles 11 bombas com lacres rompidos. “Isso é forte indício de que as bombas foram abertas para que se retirassem as placas [que operavam a fraude]”, explicou Honda. Ainda assim, os técnicos não encontraram nada que comprovasse, de fato, o esquema.

“Só apreendemos duas placas para levar para a perícia, mas nelas não há indícios visuais de fraude. Pode até mesmo se tratar das placas originais das bombas”, disse o diretor do Ipem. “É frustrante, com certeza. Mas não podemos passar acima da lei. Vamos até onde ela nos permite.”

“Infelizmente, entre a data que a Globo entrevistou Salazar [17 de dezembro], confrontando-o com a gravação [em que negociava a fraude com o repórter] e a que foi exibida a matéria [8 de janeiro], foram mais de 20 dias. Tempo mais que suficiente para que ele [Salazar] retirasse todas as traquitanas que tenha introduzido [nas bombas]. Agora, encontramos apenas vestígios, como os rompimentos de lacre”, disse o diretor do Ipem.

Por esse motivo, quase uma semana após a denúncia, os postos suspeitos de lesar o consumidor usando o dispositivo da Power Bombas continuam funcionando, apenas alguns deles tiveram as bombas interditadas pelo Ipem. Mas, onde os técnicos não encontraram nada além de lacres rompidos, mesmo as bombas suspeitas funcionam. “Se não se encontra nada mais, não há o que fazer. A bomba é novamente lacrada e volta a funcionar”, afirmou o diretor.

Alvará não será renovado
A Prefeitura de Curitiba informou nesta sexta-feira (13) que o alvará da Power Bombas venceu e não será renovado. Na próxima segunda-feira (16), o município irá cassar o alvará dos postos que comprovadamente cometeram fraudes.

Cleber Salazar, detido desde a última segunda-feira (9), teve a prisão temporária renovada nesta sexta-feira por mais cinco dias. A Delegacia de Crimes contra o Consumidor e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público seguem investigando o caso.

Fonte: UOL

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