Crato (CE): Plataformas de dados instaladas prevenirão desastres naturais

Os danos e perdas ocorridos nesta cidade com a enchente de 2011 poderiam ser minimizados, caso tivessem equipamentos de prevenção para os fenômenos meteorológicos. Agora, municípios do Ceará estão sendo monitorados por equipamentos conhecidos como Plataformas de Coleta de Dados, oriundos de convênios celebrados entre o Centro Nacional de Monitoramento de Alertas e Desastres Naturais (Cemaden) e o Governo do Estado, por meio da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

Além de Crato, as Plataformas de Coleta de Dados estão instaladas nos municípios de Sobral, Caucaia, Fortaleza, Maracanaú, Morada Nova, Groairas, Santana do Acaraú e Lavras da Mangabeira. A instalação das bases nestes municípios se deu por conta da análise de critérios hidrológicos, meteorológicos e por eles estarem inclusos na relação de cidades que solicitam, com certa frequência, apoio do governo federal em decorrências de eventos climáticos que resultam em enchentes e alagamentos com danos materiais.

Composta por um pluviômetro automático, painel solar, sensor de nível de rio, câmara fotográfica e caixa de acondicionamento destes equipamentos, cada estação de monitoramento tem a função de auxiliar órgãos a antecipar possíveis tragédias naturais, ocasionadas pelo aumento do nível da água de rios, possibilitando a evacuação da população atingida por cheias em áreas de risco.

Os equipamentos realizam a leitura de chuvas incidentes e do nível de água dos rios e demais mananciais próximos as regiões urbanas a cada quinze minutos e filmam, em tempo real, toda a área observada por meio de uma câmera fotográfica.

Filmagem
A utilização dos equipamentos não gera ônus financeiro aos municípios. A Cogerh se responsabiliza pelos custos das estruturas em relação a possíveis práticas de vandalismos e, por sua vez, o Cemaden custeia o projeto por meio do fornecimento e instalação dos equipamentos. A manutenção, bem como a reposição de peças sobressalentes, também são de responsabilidade do órgão nacional.

O gerente regional da Cogerh, Iarley Brito, ressaltou que todos os equipamentos foram instalados em áreas onde já ocorreram eventos extremos de catástrofes naturais. “Os equipamento possuem uma importância muito grande. No caso da nossa região, onde estão os rios Granjeiro e Salgado, os equipamentos monitoram estes rios e repassam informações à Defesa Civil para adoção de providências preventivas, antecedendo quaisquer desastres, como enchentes e alagamentos, por exemplo”, disse.

Segundo o técnico, as Plataformas fazem a medição da intensidade da chuva em intervalos curtos de tempo e, a partir daí, iniciam o controle dos níveis dos mananciais. “Uma chuva forte num intervalo muito curto de tempo, numa bacia com as características que possui a do Rio Granjeiro, traz um acréscimo rápido no nível do manancial”, explica Iarley.

Iarley Brito informou, ainda, que os equipamentos poderão auxiliar no combate de situações geradas também pela impermeabilização da bacia do Rio Granjeiro, fator que, conforme afirmou, tem sido uma das preocupações verificadas no município. “A bacia está impermeabilizada. Com uma chuva intensa, a água corre muito rápido para o canal do rio, que tem uma capacidade de transportar 30 metros cúbicos por segundo. Uma chuva de cerca de 200 milímetros, num intervalo de 1h30, poderia gerar o transporte de 500 metros cúbicos por segundo de água. Então, 470 metros cúbicos vão passar fora da calha do canal, gerando desastre por conta da velocidade intensa, explicou.

Prejuízos
Em janeiro de 2011, uma chuva de 200 mm registrada em alguns pontos da Chapada do Araripe resultou em prejuízo milionário a comerciantes e moradores das áreas próximas ao Canal do Rio Granjeiro. O Centro da cidade ficou inundado e pontes foram destruídas, além de romper paredes do canal e asfalto das ruas. A partir do incidente o ele passou a ser denominado pelos moradores como “Canal do Medo”.

No ano seguinte, após o início das obras de recuperação do canal, uma precipitação de 92,8 milímetros, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), à época, foi suficiente para ocasionar o rompimento da parede do equipamento em vários pontos da Cidade. Na ocasião, foram registrados alagamentos em ruas do Centro da cidade e nas áreas próximas à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Colégio Objetivo e Tiro de Guerra, na Avenida José Alves de Figueiredo, onde houve o surgimento de fendas no asfalto, que também se rompeu em vários outros pontos.

Na opinião da coordenadora da Defesa Civil do município de Crato, Josemary de Melo Silva, situações como as decorridas nos anos de 2011 e 2012 poderão ser evitadas com o funcionamento do novo equipamento. Ela avalia que o tempo de resposta propiciado pelas leituras realizadas pelas Plataformas de Coleta de Dados garantem às equipes de Defesa Civil, bem como a outros órgãos e entidades, tempo suficiente para a adoção de medidas. “Após o recebimento das informações enviadas pelo equipamento há condições de medidas serem adotadas em até 30 minutos. Antes destes equipamentos, o tempo de resposta poderia chegar até 12 horas”, revelou a coordenadora.

Josermany de Melo ressaltou que Crato está inserido na relação composta por cerca de 800 municípios mapeados como área de risco pelo Serviço Geológico do Brasil (SPRM), fator que também contribuiu para que o município contasse com o monitoramento. “O município possui várias áreas de risco mapeadas. A partir dessa realidade é que foi criado o Plano de Contingência do Município que poderá ser aplicado com maior rapidez, graças ao sistema que hoje estão instalado para monitoramento do nível do Rio Granjeiro, a partir da incidência de chuvas no município”, concluiu.

Mais informações
Prefeitura Municipal de Crato
Telefone: (88) 3586-8000

Cogerh
Telefone: (85) 3218.7020

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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