Grupo da orquestra Armorial do Cariri se apresenta em cidades do CE

Integrantes do grupo musical da Orquestra Armorial do Cariri estarão se apresentando em cidades do Ceará, por meio do projeto Plataforma de Circular, do Theatro José de Alencar e Petrobras. Serão quatro músicos, incluindo Di Freitas, que está à frente. Seu trabalho tem sido importante no sentido de divulgar a cultura popular do Cariri. Ele atua no resgate e confecção de instrumentos musicais além de proporcionar esse aprendizado aos seus alunos. Os shows serão iniciados neste mês e seguem até março, por cidades do Centro-Sul, Sertão Central, em área de assentamentos e em Fortaleza.

Atualmente o artista tem realizado oficina de música com alunos da região, com a confecção de instrumentos como a rabeca. Em 2012, ele esteve com o grupo de músicos na Turquia para apresentações no país, além de compartilhar experiências. Além disso, já chegou a participar de programas com o músico Gilberto Gil, no Programa Rumos, e esteve em 2010 divulgando o seu trabalho no Chile, Budapeste e na França.

Serão nove cidades onde serão realizadas as próximas apresentações. O show será uma homenagem a Nonato Luiz e também ao escritor Ariano Suassuna, inspiração maior de Di Freitas para a criação da Orquestra Armorial. O grupo já chegou a lançar o CD O Alumioso, em 2009, mas realizou shows basicamente em São Paulo, onde foi gravado o disco. A tentativa é poder lançar o trabalho no Ceará. O CD, que também foi uma homenagem a Ariano Suassuna, e contou com apresentação de show em Fortaleza.

Influência
Com o projeto Plataforma Circular, o grupo de quatro músicos multi-instrumentistas apresentará músicas com influência árabe, espanhola, judia, além de ter como inspirador o Cego Oliveira, que chegou a conviver cerca de sete anos com Di Freitas. O atual trabalho é intitulado "O Alumioso, uma rabeca para Ariano". Di Freitas destaca a cultura regional e o seu trabalho com os mestres dos grupos de tradição da região, incluindo as bandas cabaçais e os reisados.

O destaque é para o movimento armorial, que também lembra o trabalho do escritor paraibano Ariano Suassuna. O artista de Fortaleza adotou o Cariri em sua vida, e a erudição do trabalho da cultura local. "Eles apresentam um conhecimento herdado, de várias gerações, que vem sendo trabalhado ao longo desses anos. Algo que tem uma origem e um acúmulo de saberes", explica.

Do sítio Cipó, em Juazeiro do Norte, onde morava o Cego Oliveira, ele destaca a safra de repentistas e poetas. A grande riqueza de talentos na região chamou a sua atenção, depois que veio de Fortaleza para tocar uma vez no Cariri. A convivência do artista com a região deu o tom da nova morada. Di Freitas vê muitas semelhanças das influências musicais dos grupos da região com os árabes. Na Turquia, percebeu essa realidade de forma aproximada.

A Orquestra Armorial com instrumentos de cabaças e confeccionados com a madeira da imburana está praticamente parada. A falta de incentivo é o principal motivo. O nascimento veio com projetos institucionais e por um ano houve um trabalho intenso, com a parceria do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) e o Centro Dragão do Mar. As apresentações do grupo se restringiram mais a Fortaleza e São Paulo. O projeto chegou a ser iniciado há mais de 10 anos, desde as primeiras pesquisas de Di Freitas.

Eram 19 músicos com instrumentos como pifes, marimbau, zabumba, rabeca, percussão, prateiro. Um estilo musical que nascia a partir da junção de experiência de grupos tradicionais, com a formação clássica do músico. Os mestres Antônio, Expedito Caboclo, Marinês, Francisco e Maria do Coco trazem e somam elementos diferenciados para Di Freitas e isso proporciona um movimento com a arte regional. É com eles que o músico tem trabalhado, juntamente com a harmonização da cultura ancestral. "Muitos repertórios são trazidos pelos próprios mestres", diz ele.

Amplitude
Para Di Freitas, a formação cultural dos mestres da região tem uma origem, em que se destaca a grande amplitude da dimensão desse conhecimento. "Não é algo que nasce do nada", afirma. Com essa visão, ele continua a pesquisar os infindáveis elementos da cultura e a fazer com que jovens tenham a influência para manutenção da tradição da arte existente.

A orquestra tem o diferencial de mostrar a cultura popular. Segundo Di Freitas, as pessoas gostam de ouvir a música do Cariri. "É o popular dentro de um trabalho mais para a linha clássica, mas sem perder a característica da cultura local", explica. Os editais de cultura têm sido os grandes responsáveis pela manutenção do grupo, que até hoje segue ensaiando na casa dos próprios músicos.

A orquestra nasceu com a proposta de dialogar com esses mestres inicialmente como orquestra de rabecas Sesc Cego Oliveira, projeto de musicalização desenvolvido pelo Sesc Juazeiro do Norte, que utilizou a rabeca e instrumentos populares como pífanos e zabumbas, para criar uma nova forma do fazer e do aprendizado musical, utilizando elementos da cultura oral do Cariri e do Nordeste Brasileiro.

Artistas elaboram seus instrumentos
O grupo e músicos da região, que tem à frente o artista Di Freiras, vem desenvolvendo diversas pesquisas relacionadas à arte musical dos mestres de tradição do Cariri, com suas respectivas influências, como a cultura árabe, espanhola, entre outros países europeus. No Cariri, foi criada a Orquestra Armorial, com instrumentos confeccionados pelos próprios músicos, com uso de materiais como cabaças e a imburana, para fazer as rabecas. O trabalho tem sido acompanhado de oficinas de confecções de instrumentos. O músico já chegou a formar diversos jovens, que continuam com o grupo.

Mais informações
Músico Di Freitas
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 78
Bairro Horto
Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 8854.8817

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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