Cariri integra simpósio internacional sobre Pterossauros

O Cariri integra a partir do dia 27, o IV Simpósio Internacional de Pterossauros, que começa hoje, no Museu Nacional do Rio de Janeiro. O evento conta com a presença de cientistas de vários países, que vêm à região e permanecem até o dia 29 deste mês, visitando duas importantes áreas de incidências de fósseis da Bacia Sedimentar do Araripe, em Nova Olinda e Santana do Cariri.

O simpósio será acompanhado por palestras com representantes da Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF), no Cariri. Eles abordarão as leis de proteção no Brasil, relacionadas ao patrimônio existente e a implicação no âmbito das pesquisas.

O evento será destinado ao estudo dos animais pré-históricos de mais de 110 milhões de anos, Na bacia sedimentar, e também de outras partes do mundo. A Bacia do Araripe é atualmente um dos locais de incidência dos répteis voadores visados para estudos no mundo e onde foram encontrados os mais antigos pterossauros. Em março deste ano, foi apresentado no Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais recente deles, o Tropeognathus mesembrinus para a comunidade científica mundial.

O pterossauro foi encontrado em 2011, durante a maior escavação controlada do Nordeste, que está sendo realizada na região do Cariri.

Cretáceo
De acordo com o pesquisador e paleontólogo, Álamo Feitosa, coordenador da pesquisa responsável pelo achado, o Tropeognathus cujo nome significa "Mandíbula em forma de quilha", viveu há aproximadamente 110 milhões de anos, durante o período cretáceo no Nordeste brasileiro.

Era considerado um pterossauro de porte mediano, pois o maior exemplar encontrado media aproximadamente 6 metros de envergadura. As descobertas recentes o colocaram entre os maiores do mundo. Foi encontrado na formação Romualdo, que abrange os estados do Piauí, Pernambuco e Ceará. O fóssil, um enorme exemplar dessa espécie, possui 8,5 metros de envergadura e cerca de 70 quilos

Presença
Segundo Álamo, mais de 20 pesquisadores estrangeiros estarão no Cariri, de países como a China, Japão, Itália, França, Estados Unidos e Inglaterra. A finalidade é debater sobre o estado de arte dos pterossauros, além da biomecânica do voo desses animais, locomoção e se eles possuíam sangue quente.

Conforme o pesquisador, a dúvida se estende, já que os répteis atuais não têm sangue com temperatura variável. Ele cita como exemplo as aves, que têm sangue quente e são descentes de dinossauros. "Paira essa dúvida quanto aos pterossauros e esse simpósio terá como foco essas discussões", enfatiza.

Também serão apresentados trabalhos dos pesquisadores. A maioria deles, segundo o professor Álamo, realiza palestras e conferências de forma constante no mundo inteiro. São formadores de opinião nesse campo da ciência e vêm até o Cariri, ressalta o professor, como observadores importantes de uma das reservas fossilíferas mais evidenciadas da era cretácea do mundo. Os fósseis do Cariri chamam a atenção pele seu estado de conservação e por apresentar tecido mole, em sua constituição, mesmo depois de milhões de anos.

O evento será realizado numa parceria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a Universidade Regional do Cariri (Urca). As visitas de campo começam a ser realizadas a partir da manhã do dia 28, começando pela cidade de Nova Olinda, no geossítio Pedra Cariri. No local, se encontra a exposição da formação Crato. No geossítio Canabrava, em Santana do Cariri, a visita de campo acontece no dia 29. Na área está localizado o Parque dos Pterossauros e está sendo realizada uma escavação.

Os fósseis de pterossauros encontrados na Bacia do Araripe estão entre os mais antigos achados do mundo. De acordo com Álamo Feitosa, há registro de um de mais de 70 milhões de anos, encontrado nos Estados Unidos. O mais recentemente encontrado na Bacia do Araripe é da era cretácea e possui 40 milhões de anos a mais. O animal foi reconstituído no Museu Nacional, onde se encontra em exposição, mas os fóssil que recompõe a asa desse na animal, se encontra no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri.

Um dos debates estará relacionado ao combate do tráfico de fósseis e leis brasileiras sobre o patrimônio fossilífero do Brasil. A temática terá à frente o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal. "Será uma forma de fazer com que os pesquisadores entendam que no Brasil existem leis específicas que regem a extração e o estudo dos fósseis", explica. Ele ainda destaca a importância da presença dos pesquisadores na região, comunicada pela Urca ao Departamento Nacional de Produção Mineral (Dnpm), que terão a oportunidade de conhecer a Bacia do Araripe, e testemunhar a grande riqueza do patrimônio fossilífero para o mundo científico.

Mais informações
Geopark Araripe / Universidade Regional do Cariri (Urca)
Carolino Sucupira, S/N
Crato - Pimenta
Telefone: (88) 3102.1237

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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