Crato (CE): Projeto de parque ainda está no papel

O projeto de Revitalização do Parque Histórico do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto há vários anos aguarda sair do papel. Há apenas o que a secretária de Cultura, Dane de Jade, chama de um espaço, que deveria ser um museu, foi construído no meio do terreno, de forma completamente aleatória. Ela disse que a Secretaria está desenvolvendo um projeto, com avaliações de técnicos especializados, que realmente esteja dentro dos padrões de uma área tombada, respeitando todos os preceitos, relacionados à história do Caldeirão.

A ideia original de valorização do Caldeirão, no contexto de preservação do sítio histórico, partiu do cineasta Rosemberg Cariry. Ele foi secretário de Cultura do Crato e fez um filme sobre a história da comunidade dizimada, "Caldeirão da Santa Cruz do Deserto". O memorial não foi erguido, e continua no mesmo patamar de esquecimento na maior parte do ano. Durante este ano, segundo conta o historiador Sandro Leonel, até mesmo no espaço que raramente faltava água, os chamados caldeirões de pedra, chegou secar depois de décadas.

O Caldeirão fica numa localidade a 30 quilômetros do centro do Crato, incluindo 12 de estrada carroçável. Foi para lá que o beato, negro, pobre e analfabeto, recebeu a terra como lida e teve morada com os seus primeiros seguidores. A área foi dada pelo Padre Cícero. José Lourenço chegou ao Ceará por volta das 1890. Veio como tantos outros sertanejos do Nordeste, em busca de auxílio do "padrinho". A comunidade que surgiu no sítio Baixa Dantas, continuou na fazenda Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.

Há necessidade de se fazer uma orientação e conscientização das pessoas quanto ao espaço tombado, como o Caldeirão, conforme a secretaria de Cultura, Dane de Jade. Ela afirma que a área precisa de uma requalificação e, no que se refere à casa, todo o trabalho de escavação deve ter o acompanhamento de arqueólogo. Seria uma espécie de espaço proposto para o museu, mas abrindo um diálogo com as pessoas. Para isso, tem que ser visto de que forma vai ser aproveitada a obra.

Para a secretaria, o que houve foi uma construção equivocada e num espaço inadequado. "Na verdade, é um espaço físico que não tem consistência de um museu", explica ela.

Segundo Dane, a própria família que mora do espaço e salvaguarda o patrimônio nunca foi capacitada com esta finalidade e pouco conhece sobre a história. Mas foram eles que informaram sobre o movimento estranho dos moradores que querem se apossar de área do sítio.

Como forma de valorizar a experiência coletiva do Caldeirão, Dane de Jade diz que é importante que o espaço tenha o acolhimento para o turismo, com infraestrutura necessária.

Mais informações
Secretaria de Cultura do Crato Centro Cultural do Araripe, S/N
Crato - CE
Telefone: (88) 3523.2365

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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