Em meio à atmosfera de desgaste na categoria, a Assembleia Legislativa pode votar hoje a proposta do Governo do Ceará para reajuste do salário dos professores da rede estadual. A mensagem enviada pelo Executivo – que também dispõe de outros pontos da Lei do Piso – teve aprovada ontem a tramitação em regime de urgência. O problema é que a matéria desagrada parte dos profissionais. Por isso, a expectativa é que o clima na Casa volte a pegar fogo.
A proposta chegou ao Legislativo com aval do Sindicato dos Professores(Apeoc), que está rachado entre a Capital e o Interior. Boa parte da categoria em Fortaleza é contra o acordo feito com o Governo, defende a deflagração de uma nova greve e acusa o Sindicato de ter atropelado as negociações.
Isso porque, segundo o grupo da Capital, a assembleia realizada no último dia 25 de novembro não deliberou sobre as sugestões do Executivo – mas apenas sobre a possibilidade, ou não, de mais uma paralisação das aulas. Entretanto, em reunião no Palácio da Abolição quatro dias depois, a Apeoc carimbou a proposta que o governador Cid Gomes (PSB) havia apresentado. A cisão no Sindicato também é provocada por denúncias de violência, cooptação e irregularidades na assembleia do dia 25. Professores da Capital acusam o Sindicato e o Governo de terem bancado transporte apenas para professores do Interior votassem contra a greve. Em outra frente, docentes de outros municípios dizem ter sido hostilizados e ameaçados após o encontro.
Outros interesses
Embora descarte “crise interna”, a Apeoc reconhece que o clima não é dos melhores, mas aponta que a insatisfação tem sido conduzida por pessoas alheias à categoria, com interesses políticos definidos. Uma das diretoras do Sindicato, Maria da Penha, explicou, ainda, que a proposta fechada com o Palácio da Abolição foi, sim, ratificada pelos docentes, em encontros “regionais” na segunda quinzena de novembro.
Penha também negou que o Sindicato tenha interferido na participação dos professores do Interior. “Quem veio, foi porque quis”, afirmou. (colaborou Marcela Belchior)
Saiba mais
A proposta que será votada prevê aumento de 15% para os professores – sendo que 7,5% será paga este ano e 7% em janeiro de 2012. Parte dessa segunda parcela já seria paga de qualquer jeito, a todos os servidores.
Uma das reclamações é sobre o fato de a Lei do Piso – que diz que nenhum professor pode ganhar menos que R$ 1.158,00 – não repercutir em todos os níveis da carreira. A categoria desejava que o percentual de aumento do piso fosse dado a todos os professores, não apenas aos de nível médio, que ganhavam menos que aquele valor. O Governo alega não ter como arcar com o ônus que a repercussão causaria na folha de pagamento.
Além disso, a proposta estabelece majoração da gratificação de regência de classe em 10% para os professores mestres e 30% para doutores. Destina, também, aumento escalonado do percentual da receita do Fundeb para gastos com a folha de pagamento.
Fonte: O Povo
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