Eleições 2014: Dilma diz que ‘coitadinho’ não pode chegar à Presidência da República

Confrontada com as críticas da candidata Marina Silva sobre a falta de um programa de governo do PT, a presidente Dilma Rousseff disse neste domingo que não precisa fazer promessas, porque suas propostas estão sendo executadas e sendo criticadas "todo santo dia". Candidata à reeleição, Dilma afirmou que "coitadinho" não pode chegar à Presidência da República e voltou a criticar a independência do Banco Central, defendida por Marina.

Para Dilma, os candidatos não podem "se vitimizar". Para ela, o debate é válido enquanto girar em torno das propostas e não apelar para "a honra e as características pessoais" dos adversários.

- A vida como presidente da República é agüentar crítica sistematicamente e aguentar pressão. Duas coisas que acontecem com quem é presidente da República: pressão e crítica. Quem levar para campo pessoal não vai ser uma boa presidente, porque não segura uma critica. Tem de segurar a crítica, sim. O twitter é o de menos. O problema são pressões de outra envergadura que aparecem e que, se você não tem coluna vertebral, você não segura. Não tem coitadinho na Presidência. Quem vai para a presidência não é coitadinho, porque, se se sente coitadinho, não pode chegar lá - afirmou a presidente, acrescentando que os jornalistas são implacáveis e a vida de presidente é dura.

- Eu sempre estive no momento paz e amor. O meu programa tem quatro anos que está nas ruas. Mais do que nas ruas está sendo feito. Hoje estou aqui prestando contas de uma parte do meu programa. Eu não preciso dizer que vou fazer o Ciência sem Fronteira 2.0, a segunda versão. Eu não preciso assumir a promessa, porque fiz o primeiro. A mim tem todo um vasto território para me criticar. Tudo o que eu fiz no governo está aí para ser criticado todo o santo dia, com aliás é. Todas as minhas propostas estão muito claras e muito manifestas - afirmou.

Dilma não teve evento de campanha neste domingo, mas deu entrevista no Palácio da Alvorada. Segundo a presidente-candidata, a independência impedirá que o presidente da República substitua o presidente do Banco Central. Dilma lembrou que, no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, foram três presidentes do Banco Central - Gustavo Franco, Chico Lopes e Armínio Fraga. Disse que no seu governo não houve mudança no presidente do Banco Central, nem nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Eu não tenho de escrever um programa e dizer que sou a favor da independência do Banco Central, porque eu não sou a favor da independência do Banco Central. O Banco Central, para mim, não é um poder. Independência, no Brasil, a Constituição deixa claro: é do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Sou contra independência do Banco Central e nunca escondi esse fato. Toda a minha proposta está na rua. O que não está na rua, eu tenho apresentado na televisão sistematicamente - disse.

BC: Autonomia sim, independência não
Para Dilma, independência do Banco Central significa a criação de uma quarto poder:

- Independência é uma coisa, autonomia é outra. Isso vai ser muito agressivo no ouvido de todo mundo que defende independência. Independência é poder. O quarto poder não pode ser os bancos. Aliás, era de vocês (da imprensa) desde o século 19.

Embora sua propaganda tenha atacado Marina sistematicamente, Dilma defendeu uma campanha "do mais alto nível", com debate de propostas sem agressões pessoais aos adversários. A presidente afirmou ter ficado indignada quando a adversária disse que o PT cometeu irregularidades na Petrobras nos últimos 12 anos. Segundo Dilma, em oito desses doze anos, Marina era filiada ao partido e fez parte do governo. Além disso, disse a presidente, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, acusado de comandar o esquema de corrupção, foi demitido no início de seu mandato.

- Naquele momento, eu acho que houve um ataque, que não era propriamente um ataque político, que a candidata estava fazendo ao PT e a mim. Agora não tenho nenhum problema de dizer. Uma coisa é discutir o que está no programa da candidata, ela discute todo o dia o que está na minha realidade.

A presidente disse que o governo não tem preocupação com o depoimento de Paulo Roberto à CPI Mista da Petrobras, que deve ocorrer nesta semana:

- Eu acho que esse é o tipo de decisão em que o Executivo não tem de se meter. Se está decidido que ele vai, deve ir. Se está decidido que ele não vai, ele não deve ir. Não temos nenhuma expectativa nem preocupação em relação a isso.

A presidente abriu a entrevista fazendo uma balanço do programa Ciência sem Fronteira. Segundo Dilma, das 101 mil bolsas oferecidas no lançamento do programa, 14.900 estão disponíveis no edital aberto até o próximo dia 29. Ela disse que cerca de 60 mil estudantes se candidataram a uma vaga para estudar no exterior. O excedente, segundo Dilma, será atendido na segunda etapa do Ciência sem Fronteira, que oferecerá mais 100 mil vagas em universidades no exterior.

Fonte: O Globo



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