Eleições 2014: Independência do BC daria 'quarto poder' a bancos, afirma Dilma

Ao voltar a se posicionar contra a independência do Banco Central, a candidata a reeleição Dilma Rousseff (PT) afirmou na tarde deste domingo (14) que os bancos não podem ser o "quarto poder" no país.

"Independência é uma coisa, autonomia é outra. Independência é poder. Isso vai soar muito agressivo no ouvido de todo mundo que defende independência. E aí, o quarto poder não pode ser os bancos. Aliás, era de vocês [da imprensa]. Isso desde o século 19, começou lá na Inglaterra", disse Dilma. A declaração foi dada logo após o encerramento de sua tradicional coletiva dominical desde o início da campanha, enquanto subia a rampa a caminho do mezanino da entrada principal do Palácio do Alvorada.

Dilma Rousseff é defensora da autonomia relativa do Banco Central. Sua principal concorrente nesta campanha, Marina Silva (PSB), defende a formalização dessa autonomia, com uma lei. Para a petista, apenas desfrutam de independência os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. "Eu não tenho de escrever um programa [de governo] e dizer que sou a favor da independência do Banco Central. Eu não sou a favor. O Banco Central para mim não é um poder", disse a presidente.

Nesta tarde, Dilma reiterou que tal medida tiraria comida do prato dos brasileiros, tal qual mostrou uma das inserções de sua campanha na televisão.

"Um banco central que não tem como meta o máximo emprego tira sim [comida da mesa]. Tira comida e perspectiva da vida das pessoas. Outro dia eu falei: sabe qual são os objetivos do banco central americano? Máximo emprego, o primeiro, estabilidade de preços e juros moderados a longo prazo", observou, citando que ela nunca trocou o presidente do Banco Central, ao contrário da gestão de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002).

A questão da independência do Banco Central transformou-se, na última semana, no principal ponto de debate das duas candidatas que lideram as pesquisas de intenção de voto.

Paz e amor
Neste domingo, ao ser questionada sobre o fato de Marina Silva ter lhe desafiado a mostrar um plano de governo e de ter dito que não quer atacar Dilma, a presidente respondeu: "Eu sempre estive num momento paz e amor. O meu programa tem quatro anos que está nas ruas, sendo feito".

Dilma, contudo, disse estar disposta a debater e a continuar dizendo o que não concorda em relação ao programa de Marina Silva.

"Não tenho nenhum problema de discutir o que está no programa da candidata, ela discute todo dia o que está na minha realidade. Não cabe à gente se vitimar. Enquanto o debate não disser respeito à honra de ninguém e às características, que se dê o maior e o mais intenso debate político", afirmou.

Segundo Dilma, a vida como presidente da República exige aguentar críticas e pressão. "Quem levar isso para o campo pessoal não vai ser uma boa presidente porque não segura uma crítica. Tem que segurar crítica sim, tem que saber que não adianta", afirmou.

"O problema são pressões de outras envergaduras que aparecem e que se você não tiver coluna vertebral você não segura. Não tem coitadinho na Presidência, quem vai para a Presidência não é coitadinho. Se se sente coitadinho não pode chegar lá."

Indignação
Mas a presidente admitiu neste domingo que não gostou de ter ouvido as críticas de Marina Silva em relação à Petrobras, alvo de investigações na Polícia Federal e de duas CPIs no Congresso e de acusações de má gestão e desvio de recursos públicos.

"Tive um momento de muita indignação quando a candidata se referiu ao que foi feito pelo PT em 12 anos dentro da Petrobras", afirmou Dilma. Ela destacou ainda Marina Silva representou o PT, partido ao qual foi filiada por 27 anos, por oito desses 12 anos, sendo integrante do governo ou da bancada do Senado.

"Naquele momento acho que de fato houve um ataque que não era propriamente político que a candidata estava fazendo a nós, ao PT e a mim", desabafou Dilma.

Dilma voltou a dizer que a vida de presidente é "dura". "A vida como presidenta da República é aguentar crítica sistematicamente e aguentar pressão".

Fonte: Folha.com



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