FMI reduz para 1,8% a previsão de crescimento do Brasil neste ano

O FMI reduziu pela terceira vez consecutiva a previsão de crescimento do Brasil em 2014.

A nova estimativa indica que o país crescerá 1,8% neste ano –em janeiro, a previsão era de 2,3%, e em outubro passado, de 2,5%. Em abril do ano passado, o FMI estimava um crescimento de 3,2% em 2014.

Entre os Brics, apenas a Rússia, que sofre com turbulência política e sanções internacionais, teve uma redução (0,6 ponto percentual) maior que a brasileira (0,5% p.p.) nas estimativas de crescimento. China deve crescer 7,5% e Índia, 5,4%.

Apenas Argentina (0,5%) e Venezuela (-0,5%) terão crescimento menor que o Brasil na América do Sul. O crescimento mundial, estima o FMI, será de 3,6% neste ano e de 3,9% no ano que vem, puxado principalmente pela Ásia e pelos países desenvolvidos.

A situação brasileira só deve melhorar no ano que vem, com alta do PIB de 2,7%, também menor que previsões anteriores (de 3,2% e 2,8%).

No relatório "Panorama Econômico Global", divulgado nesta manhã pelo FMI, o crescimento brasileiro é chamado de "comedido" –"a demanda é apoiada pela recente desvalorização do real e alta de salários e do consumo", mas "o investimento privado continua fraco, em parte refletindo a baixa confiança empresarial".

O texto diz que o país tem necessidade de mais ajuste "porque apesar do aumento da taxa de juros no ano passado, a inflação se manteve no topo da meta".

Outras recomendações falam que a intervenção no câmbio deve ser "seletiva", usada para limitar a volatilidade, que a consolidação fiscal ajudaria a reduzir desequilíbrios externos e a alta taxa de dívida pública, e que gargalos na oferta precisam ser respondidos.

A previsão do FMI é mais otimista que a de analistas brasileiros. O último boletim Focus do Banco Central, divulgado ontem (7), aponta que o mercado reduziu em 0,06 ponto percentual a estimativa para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, para 1,63%. Para 2015 houve manutenção da projeção de 2%.

Mundo
Sobre o resto do mundo, o relatório mantém o otimismo do FMI.

Lentamente a Europa se recupera e os EUA terão um crescimento acima de sua tendência, de 2,8% neste ano e de 3% no ano que vem, com a recuperação da renda doméstica e dos valores dos imóveis, bem acima de Alemanha (1,7% em 2014) e França (1%). O Reino Unido, fora da zona do euro, crescerá 2,9%.

A América Latina crescerá 2,5% neste ano e 3% no ano que vem. O México deve ter uma alta de 3% do PIB, como efeito de reformas estruturais e a influência da retomada da economia dos EUA.

Outros países da região que terão crescimento vigoroso, segundo o FMI, são Peru (5,5%), Bolívia (5,1%), Colômbia (4,5%), Equador (4,2%) e Chile (3,6%).

A Ásia crescerá 5,3% em 2014 e 5,7% em 2015. A China deve crescer no mesmo ritmo do biênio 2012-13.

Commodities
A queda nos preços das commodities se acentua. O preço do petróleo cresce apenas 0,1% neste ano para cair 6% no ano que vem. As demais matérias primas devem cair 3,5% agora e -3,9% em 2015.

Os emergentes, muitos deles exportadores de commodities, também sofrerão impacto de "investidores cada vez mais avessos ao risco" e com a "normalização monetária" dos EUA, a partir do momento em que a superpotência reduza a impressão de moeda (colocando menos dólares no mercado) e de uma possível alta de juros no país, prevista pelo estudo em 2015.

Depois de anos de dólares chegando em grandes ondas aos emergentes, há uma seca potencial, afirma o relatório do FMI.

Nesta semana acontece os chamados "Encontros da Primavera" do FMI, que reúnem ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais de todo mundo em Washington.

O ministro Guido Mantega e o presidente do BC Alexandre Tombini confirmaram presença.

Fonte: Folha.com


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