Nova Olinda (CE): Pesquisadora defende ação educacional

Um trabalho de educação patrimonial da Fundação Casa Grande, que abriga peças indígenas e todo um material coletado em anos de atividade na área da arqueologia, tem sido desenvolvido desde que a instituição foi criada, por Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde. De lá para cá, são muitos os interessados em ter uma formação na área e que têm como principal referencial a fundação para realizarem pesquisas.

A pretensão é que haja um fortalecimento dessa atividade, com a presença de grandes pesquisadores do Brasil e até de outros países, de forma mais frequente no Cariri.

A perspectiva empreendida pela fundação, com apoio de outros órgãos de fomento de estudos na área, é que haja um reconhecimento maior de todo o trabalho desenvolvido até o momento, para que novos cursos possam ser criados, nas áreas de graduação e pós-graduação.

E mais do que isso, segundo Rosiane Limaverde, que o Cariri não perca a oportunidade de criar na região o primeiro curso de arqueologia do Estado do Ceará. O trabalho de conservação dos espaços identificados poderá avançar com a atuação de profissionais unicamente com a conservação. Conforme a pesquisadora, no caso do sítio Santa Fé, pode ser feita uma consolidação do painel, de forma que as gravuras não sejam afetadas e não exista um impacto visual que danifique o espaço. "Com isso, há condições de consolidar a área para que dure mais anos, com disponibilidade para estudos", afirma.

A proposta de conservação, por meio de uma ação conjunta, chegou a ser apresentada há alguns anos junto ao Iphan, mas não houve resposta relacionada a um possível trabalho na área.

Mesmo com o desaparecimento do painel, principalmente pela ação do tempo, a fundação realizou registros minuciosos do sítio Santa Fé, o que poderá facilitar estudos futuros.

As principais cidades onde ocorrem os achados, não por acaso, estão dentro da área do Geopark Araripe, e é dentro dos grandes sítios cerâmicos onde tem ocorrido o extravio da maioria das peças que poderiam estar sendo destinadas a estudos da presença pré-histórica do homem na região do Cariri. "São grandes sítios cerâmicos que estão sendo destruídos, nesse caso pela degradação", diz.

Legado
A pesquisadora ressalta a importância da ação mais ativa de instituições quanto ao patrimônio arqueológico existente na região. "É um grande legado que pode se perder por falta de estudo", afirma. A Casa Grande, segundo ela, surgiu no intuito de reunir esse material que existia espalhado na região e a instituição iniciou uma luta de preservação desses sítios.

A formação patrimonial acontece desde os pequenos recepcionistas do memorial. Eles estudam o que é arqueologia além de manter contato com o laboratório, acervo, e as análises que são feitas em material cerâmico e lítico. No laboratório é feita a catalogação e registros rupestres. Mas, Rosiane alerta para uma educação patrimonial mais intensa, com apoio do Iphan e da universidade. A fundação, conforme ela, pode ser interlocutora nesse sentido, com todos os agentes envolvidos no processo.

"Só um processo contínuo desse trabalho educacional é capaz de conter ações de degradação desse patrimônio", enfatiza.

Identificação
50 sítios rupestres e cerâmicos já foram catalogados em áreas da Chapada do Araripe. Todos são de propriedade particular, e parte deles está sendo degradada

Mais informações
Memorial do Homem Kariri
Rua Ratisbona, 564
Centro - Crato/ CE
Telefone: (88) 3521.8133

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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