Crato (CE): Secretaria interdita teatro e avalia mudanças estruturais

Por falta de instalações adequadas, o Teatro Salviano Arraes Saraiva, em Crato, foi interditado pela Secretaria Municipal de Cultura. A secretária Dane de Jade não considera o local como um teatro, mas apenas um auditório com palco que precisam ser requalificados. Ela convidou o arquiteto cênico, Robson George, da Fundação Nacional das Artes, para dar um parecer técnico, avaliando a possibilidade de reconstruir o espaço e transformá-lo num teatro com toda infra-estrutura necessária.

Para a secretária, um teatro vai além da plateia e do palco. Ele tem que ter salas, passagens, vãos e áreas espaçosas. Tudo escondido dos olhos do público, onde os funcionários, atores e equipes técnicas possam se locomover de lado para o outro, sem serem vistos. Dane de Jade acredita que será um grande desafio transformar o auditório Salviano Arraes em teatro. “Os espaços disponíveis são pequenos e cheios de obstáculos que, para superá-los, talvez precise mexer na estrutura do prédio”, diz. A titular da pasta explicou ainda, que a partir do parecer do arquiteto, a Secretaria começará a elaborar o prejeto, planejar os investimentos e saber onde buscar os recusrsos.

Robson George garantiu que em 60 dias seu relatório estará pronto, mas adiantou que as limitações do prédio e do local vão lhe obrigar a buscar uma maneira simples que possa facilitar a adequação, adotando uma mudança de formato, sem fugir daquilo que manda a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O arquiteto cênico admitiu, ainda, a possibilidade de diminuir o espaço da plateia, reduzindo o número de assentos que hoje é de 198 poltronas. Quanto à acessibilidade, segundo George, é quase impossível implantá-la dentro das exigências atuais, por falta de áreas suficientes.

Por outro lado, Eric Seabra, diretor do museu J. de Figueiredo Filho e que tem 20 anos de experiência em teatro, acha que as mudanças pretendidas não são tão complicadas. Este sugeriu a inversão de locais entre o palco e a plateia, um projeto acústico nas paredes internas do prédio, ficando a entrada principal localizada na Rua José Carvalho. Eric sugere que o espaço onde hoje funciona a entrada principal, sejam construídos os camarins, copa e salas. Para o diretor do museu, a mudança economizaria espaço e daria mais visibilidade. “O único prejuízo seria a diminuição do mezanino, porém nada impossível diante de uma boa análise de um engenheiro”, explicou Seabra.

No prédio onde é hoje Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva funcionou o Cine Moderno, uma das cinco salas de exibição cinematográfica que o Crato possuía. Com a sua desativação, o imóvel foi adquirido pela Prefeitura com o objetivo de construir no local um teatro municipal. “A obra foi feita, porém muito longe dos ideais concebidos por aquilo que podemos chamar de teatro, semelhante a outros equipamentos culturais sem qualidade no Município”, assevera a secretária de Cultura, Dane de Jade.

Wilson Rodrigues

Foto: Serena Morais / Reprodução

Fonte: Jornal do Cariri 



AddThis