Um dos maiores e mais antigos grupos de encenação popular da Paixão de Cristo desta cidade, o Compactur, acerta os detalhes finais para entrar em cena com a peça "Jesus, O Nazareno". Neste ano, com novidades, efeitos especiais e maior número de atores e figurantes. Serão mais de 100 pessoas em cena. Homens, mulheres, crianças e idosos. Trabalhadores comuns, que se realizam num momento de passar um pouco da história de Jesus para a população do Cariri e os visitantes do Horto, que, na sexta-feira da Paixão, se encontram na terra do Padre Cícero rezar.
São 30 anos de encenação nas ruas de Juazeiro. A apresentação na Colina do Horto, considerada a mais importante, acontece no dia 6, a partir das 9 horas. A cada ano, tem sido maior o número de espectadores para a peça que se tornou uma referência para muitas pessoas que costumam vir à cidade neste período.
Mesmo com dificuldades para levar o espetáculo às ruas, o grupo conseguiu obter melhorias nesta edição, com um novo cenário, uma máquina para produzir fumaça junto com os efeitos especiais de luz e figurinos novos para os personagens.
Desde janeiro, os interessados em participar das encenações se reúnem para discutir cada detalhe das cenas. O áudio é gravado em estúdio. As falas são produzidas em cima de textos bíblicos. Os ensaios acontecem no pátio do Teatro Marquise Branca. Os participantes aderem à peça pelo simples prazer de levar para as pessoas a mensagem de Jesus Cristo.
O presidente da Compactur, José Antonio de Sousa, o Zezito, pelo segundo ano consecutivo, irá encenar Caifás. Para ele, esse é um momento de realização. Durante o dia, trabalha em seu lava-jato, no Centro da cidade de Juazeiro, com sua esposa, Ana Maria Alves de Sousa, que interpreta a Samaritana. Organizar o evento não é uma tarefa fácil. Os atores ainda reclamam da falta de apoio local.
Efeitos especiais
Um edital da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), conquistado no ano passado, foi o grande apoio para as mudanças que vão acontecer este ano. Neste Domingo de Ramos, alguns integrantes do grupo vão participar da celebração no Horto, com uma Via Sacra de Jesus com os discípulos. Uma apresentação com os efeitos especiais, durante a cena da ressurreição, poderá acontecer na próxima quinta-feira, à noite, no Horto. Mas isso depende de apoios.
Há também a perspectiva de o grupo apresentar nos Municípios de Crato, Barbalha, Missão Velha e Brejo Santo ainda nesta semana. No próximo domingo, uma apresentação deve ser realizada no Pirajá.
Há 15 anos que Zezito está no grupo. Ele afirma que este é um momento de grande alegria em sua vida. São trabalhadores e crianças que se reúnem por um ideal, que não está associado apenas à arte, mas ao fato de levar ao público as principais passagens da vida de Jesus. "Este ano preparamos um cenário novo, e está muito bonito", afirma.
São duas horas e meia de espetáculo, com a exibição de 21 cenas, duas a mais do que a edição anterior. Para melhorar a atuação em cena dos participantes, um dramaturgo da cidade está dando algumas orientações. No Cariri, são comuns grupos de encenação neste período.
As comunidades sobem aos palcos para lembrar os momentos de sofrimento de Jesus no calvário e a ressurreição. São grupos em localidades rurais, a exemplo de Barbalha. Idosos também entram no palco com as vestes antigas, e crianças de ruas têm a oportunidade de interpretar pela primeira vez.
"Queremos levar aos palcos também a história do Padre Cícero, com cenas marcantes de sua vida", diz a Ana Maria. Mas, por enquanto, isso ainda é sonho que deve ser realizado em outras edições do espetáculo.
O grupo já chegou a mais de 200 integrantes. O trabalho de juntar as pessoas começa cedo. Ainda no final do ano são feitos todos os contatos. E uma das conquistas é levar crianças de rua para aprenderem algo novo.
As cenas incluem desde a ressurreição, o batismo, a tentação no deserto, o perdão de Madalena, Samaritana, a Santa Ceia, a venda de Cristo por Judas, o sinédrio, dentre tantas outras passagens conhecidas da história de Jesus. "É muita emoção para nós podermos reviver esses momento tão importantes e de um significado marcante para a humanidade", diz Zezito.
Outro grupo que também se apresenta neste período, em Juazeiro do Norte, é o da Associação Comunitária Amigos de Dom Bosco, com o projeto Paixão de Cristo Jesc. O grupo faz a encenação há 18 anos e se apresenta para um público de aproximadamente 8 mil pessoas dos bairros Limoeiro, Franciscanos, Timbaúbas, Pio XII, Pirajá e outras localidades. A apresentação acontece no bairro Limoeiro. A peça conta com o envolvimento de cem figurantes e atores.
Esforço
"Essa é uma tarefa árdua, mas compensadora, pois é uma tradição. O sonho é que Juazeiro possa ter uma cidade cenográfica"
José Antônio de Sousa
Presidente da Compactur
Mais informações
Grupo Compactur
Rua Leão XIII, 624, Salesianos Juazeiro do Norte/CE
Telefone (88) 8816-9983
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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