Mauriti (CE): Museu de Arqueologia vai funcionar em 2016

Este município, localizado no Cariri Leste do Estado, passará a contar, até o próximo ano, com um Museu de Arqueologia, o qual abrigará mais de 2 mil peças pré-históricas, oriundas de escavações dos sítios Anauá, Santo Antônio, Chapada e Olho D'Água. Atualmente, o acervo mantém-se depositado na Universidade Estadual do Ceará (UFC), Campus do Itaperi, na capital cearense, "sob o argumento da inexistência de uma instituição qualificada para receber o material em nosso município", como explicou o prefeito Evanildo Simão (PT).

"A criação do Museu de Arqueologia irá permitir a preservação e proteção da experiência histórica, da cultura e da identidade local, contribuindo tanto para a salvaguarda patrimonial quanto para a extroversão do conhecimento já produzido sobre a cidade", avalia Evanildo. Ele será instalado no prédio da antiga Secretaria de Cultura. O investimento inicial está orçado na ordem de R$ 274 mil.

O objetivo do projeto, com duração prevista para 12 meses, e que está em conformidade com a Política Nacional de Museus, é "preservar, pesquisar, documentar, conservar, expor e difundir o patrimônio cultural arqueológico do município com a finalidade de promover a reflexão crítica sobre a cultura, a memória, a identidade e fomentar perspectivas de desenvolvimento sustentável para região".

Ao fim do primeiro ano, a coordenação do projeto espera ter catalogado, higienizado e armazenado o acervo em condições adequadas; reformado o prédio para abrigar o acervo e suas condições museológicas; e, por fim, a exposição de abertura do museu.

Potencial
De acordo com relatório dos Estudos Integrados do Patrimônio Cultural, Mauriti abriga enorme potencial arqueológico com recomendações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) "para uma atenção redobrada quanto a este patrimônio". O Iphan é o órgão responsável pelo acompanhamento das etapas de construção e funcionamento do equipamento histórico.

A coordenadora geral do projeto, Manuelina Maria Duarte Cândido, ressalta que "como instituição de memória, o Museu cumprirá a sua missão de preservação e proteção da experiência histórica, da cultura e da identidade social, tornando-se referência para a população que ainda não possui acesso ao seu patrimônio". A especialista lembra que, além dos sítios pré-históricos, existe grande quantidade de sítios-colônias, muitos ainda a serem pesquisados.

Professores da Universidade Federal do Cariri (UFCA) comemoram a iniciativa ao defender a ampliação de pesquisa nas áreas onde descobertas já foram feitas. Estima-se que existam mais de 15 sítios arqueológicos na região. Isso porque, segundo estudiosos, o território serviu como área de moradia e abrigo a inúmeras tribos, além dos índios Kariris. As tribos teriam sido atraídas pela existência de mananciais perenes de água. Caso exista a comprovação de que Mauriti serviu como portal de entrada para diversas tribos indígenas vindas de outros estados do Nordeste, poderão ocorrer mudanças em relação ao povoamento da região.

Benefícios
Conforme o cenógrafo e museógrafo André Scarlazzari, a criação do Museu permite gerar um equipamento cultural até então inexistente na cidade, além de criar um ponto de apoio para pesquisadores e usuários do turismo científico e cultural.

No âmbito econômico, estima-se que o Museu deva aumentar a oferta de atrações turísticas locais, impulsionando o setor de serviços, relacionados à hospedagem, alimentação e transporte. O gestor municipal acrescenta que a criação do Museu "em área de grande potencial arqueológico" poderá impulsionar a descentralização da produção científica e do turismo cultural, "gerando fontes alternativas de emprego e renda para a população, além de atrair investimentos das universidades em formação específica nas áreas afins".

"A cidade toda será beneficiada. Com a chegada do equipamento, novos empreendimentos devem ser instalados, para garantir conforto e segurança aos visitantes. Além disso, buscaremos cursos para capacitação daqueles interessados em atuar nas áreas de hospedagem, recepção e uma gama de outros setores que serão movimentados", avalia Evanildo Simão.

Ao longo de um ano, semanalmente, serão ofertadas oficinas de Educação Patrimonial voltadas à professores, estudantes e guias turísticos. Nestas 50 oficinas serão discutidos conceitos de patrimônio, memória, identidade e museu. "Iremos preparar não somente o setor econômico, mas, também, fomentar a cultura e o conhecimento entre os nossos munícipes", finaliza Evanildo Simão.

Fonte: Diário do Nordeste

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