Dengue já registra 41 mortes neste ano no CE

Faltando ainda quatro meses para o fim do ano, o Ceará já registra quase a mesma quantidade de óbitos por dengue que a contabilizada em todo o ano passado. Segundo o boletim divulgado ontem pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), já são 41 mortes no Estado em 2015, enquanto, ao longo de 2014, 53 pessoas faleceram devido à doença. Do total de vítimas fatais, 18 são de Fortaleza, município que soma mais da metade dos casos do Estado.

Desde o último levantamento do órgão, publicado no dia 31 de julho, foram constatados sete óbitos a mais. Ainda existem 31 mortes com suspeita de dengue em investigação. Além da Capital, outras 15 cidades contabilizaram óbitos. Dentre elas, sobressaem-se Maracanaú, Beberibe e Caucaia, com três mortes cada, e Aracati e Limoeiro do Norte, com duas mortes cada.

De acordo com a Sesa, a média de idade das vítimas é de 25 anos, variando entre pessoas de 1 mês a 85 anos de idade. O boletim ainda informa que abril e maio foram os meses com mais registros de casos e óbitos. Somente em maio, 14.655 cearenses receberam diagnóstico positivo para a doença.

De janeiro até agora, a Secretaria confirmou 39.930 ocorrências de dengue em 158 municípios, equivalente a 87% das cidades do Estado. Destes, 563 foram de dengue com sinais de alarme e 88 de dengue grave. Os primeiros sete meses do ano já foram responsáveis por 39.922 casos. Em relação ao ano passado, quando, em igual período, 14.055 registros haviam sido contabilizados, o aumento foi de 184%, aproximadamente.

Alta incidência
Como um todo, o Ceará possui, hoje, incidência de 428,33 casos para cada 100 mil habitantes, considerada alta pelo Ministério da Saúde. Um total de 55 municípios encontra-se em situação crítica, com incidência acima de 300 por 100 mil habitantes.

Conforme Anastácio Queiroz, epidemiologista do Hospital São José de Doenças Infecciosas, uma das possíveis justificativas para o alto número de casos seria o prolongamento do período de chuvas no Estado neste ano. "Nos anos anteriores, nessa altura, já se iniciava uma queda, porque as chuvas já tinham parado. Mas, neste ano, choveu por mais tempo e, por mais que tenha sido pouco, foi suficiente para acumular nos locais inadequados. Um pote de margarina, um pneu, uma casca de ovo, em qualquer lugar que esteja, acumula água", destaca.

Sobre os registros, Queiroz afirma que o número pode e deve ser ainda maior, uma vez que muitos casos são subnotificados. Segundo ele, a dengue, em especial a do tipo grave, pode apresentar sintomas adversos, que simulam outras as doenças. Sem a investigação necessária, muitos pacientes chegam a óbito sem que haja a identificação correta do agravo.

"Muitas vezes, o médico faz diagnóstico de uma síndrome, mas, atrás dela, está a dengue. Não é necessariamente uma falta de capacitação. Quando a doença aparece de uma outra maneira, isso pode passar despercebido. A dengue é uma infecção que parece de diagnóstico fácil, mas nem sempre está tão claro", afirma o médico.

Investigação
Além de ações mais amplas de prevenção por parte do poder público e uma maior sensibilização da população, Queiroz defende uma investigação minuciosa dos óbitos por dengue. Conforme o epidemiologista, não é possível definir, com exatidão, as causas da elevada quantidade de mortes. Por isso, ele diz ser necessário averiguar quais foram as condições de atendimento das vítimas, a origem dos sintomas, o histórico dos pacientes, dentre outros fatores.

"Seria ideal que houvesse um detalhamento desde o início da doença até o momento do óbito, para que pudéssemos saber se houve falha no sistema de saúde, se houve falha de percepção da família, se algo poderia ter sido feito para salvar aquela pessoa. Perguntas deviam ser respondidas para que outros óbitos não ocorressem", observa o epidemiologista.

VANESSA MADEIRA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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