No Ceará, 39 municípios já tiveram perda superior a 90% da safra no ano de 2012 em decorrência da estiagem, como apontou estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Além destes, em São João do Jaguaribe e Solonópole a perda chegou a 100% da produção. O período avaliado foi de janeiro a 25 de maio deste ano.
Os municípios mais afetados estão na região dos Inhamuns, Sertão Central e Jaguaribe. Em Quixeramobim, a perda chegou a 98,8%, Quixeré,98,9%, Tabuleiro do Norte, 98,6%, Novo Oriente, 98,1%, Independência, 97,3%, e Crateús,97,3% . O Estudo, nomeado "Condições de Vulnerabilidade dos Municípios em Situação de Emergência em 2012", com colaboração da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), analisa as principais variáveis que afetam as cidades em situação de emergência no Estado, nas vertentes climáticas, agrícolas e de assistência social.
Segundo os profissionais do Ipece, Klinger Aragão Magalhães e Cleyber Nascimento de Medeiros, que elaboraram o estudo, o resultado mostra que o Sertão Central e dos Inhamuns possui os municípios com os maiores índices de vulnerabilidade, principalmente as cidades de Itatira, Piquet Carneiro, Deputado Irapuan Pinheiro, Caridade, Madalena, Independência, Milhã, Crateús, Ibaretama, Penaforte, Solonópole, Arneiroz, Saboeiro, Tauá e Umari.
Análise
O índice de vulnerabilidade foi calculado através de uma análise dos indicadores de perda da safra, produtividade agrícola por hectare, utilização da área colhida com culturas de subsistência, índice de distribuição de chuvas e de aridez, desvio normalizado das chuvas, percentual de domicílios com abastecimento adequado de águas, proporção de famílias com o benefício do Bolsa-Família e número de vagas do seguro safra por 100 mil habitantes.
Entre as variáveis, a perda da safra merece ser destacada, segundo afirma Klinger Aragão, já que possui relação direta com a vulnerabilidade da população rural, sendo um indicativo de segurança alimentar, e que fez com que fosse uma variável chave para definição dos municípios com estado de emergência.
O governo reconheceu, no último dia 28 de maio, que dos 184 municípios do estado, 168 estão em situação de emergência.
Por conta disso, o Ministério da Integração Nacional liberou a verba de R$ 13,4 milhões para ações de combate à seca no Ceará, de acordo com autorização publicada, ontem, no Diário Oficial da União. Desse valor, R$ 3,35 milhões serão adiantados diante da urgência na execução das ações, e o restante do recurso será repassado após aprovação de projetos para amenizar os efeitos da estiagem.
População
De acordo com o coordenador geral da Defesa Civil do Ceará, Hélcio Queiroz, esse repasse é exclusivo para ações de investimento e destinado ao Governo do Estado para a perfuração de poços, principal ação a ser realizada. "O fornecimento de água à população é uma grande necessidade que nós temos. A perfuração traz uma série de ações em torno dela. Conforme a demanda for aumentando, ações podem ir se ampliando", esclarece o coordenador, que acrescenta já ter sido feito um plano de trabalho para ser apresentado em Brasília, objetivando a liberação do restante do recurso.
O secretário estadual do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, aponta que serão 537 poços perfurados no Ceará, e que, hoje, 79 municípios estão sendo atendidos por carros pipa. Segundo ele, o Governo recebe, no dia 15 de junho, licitação para a construção de 33.400 cisternas de placa, e no dia 20, outra licitação para 5.700 quintais produtivos. "É uma forma de resolver o problema e gerar emprego no período da estiagem", diz.
Efeitos
168 cidades do Ceará estão em estado de emergência, de acordo com anúncio assinado, no dia 28 de maio, pelo governador Cid Ferreira Gomes.
79 localidades estão sendo atendidas por carros-pipas no Interior, conforme dados do secretário de Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins.
Fonte: Diário do Nordeste
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