Caso Cachoeira: PSDB e PT divergem sobre convocação de Pagot em CPI

Integrantes do PSDB e do PT na CPI do Cachoeira divergem sobre a convocação de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor geral do Departamento Nacional de Obras de Infra-Estrutura (Dnit), que em duas entrevistas diferentes afirmou conhecer esquemas de arrecadação ilegal para campanhas dos dois partidos. “Ele tem de ser ouvido”, diz o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR). “Os casos citados pelo ex-diretor não têm relação com a comissão”, rebate o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Já existe um requerimento de convocação, mas o pedido precisa ser aprovado pelos integrantes da comissão. Pagot foi diretor-geral do Dnit até julho do ano passado , quando foi demitido em meio a uma série de mudanças no governo – apelidada de faxina -- após denúncias de corrupção no órgão. Ele deixou o Dnit dizendo-se injustiçado e perseguido.

Em fevereiro deste ano, a Operação Monte Carlo mostrou grampos em que um diretor da Delta Construções - empreiteira ligada ao bicheiro Carlinhos Cachoeira - articula o afastamento de Pagot da direção do Dnit. Ele estaria atrapalhando os negócios da Delta no governo, que, desde 2004. já recebeu R$ 3,6 bilhões por execução de obras federais.

Neste fim de semana, Pagot é personagem de duas entrevistas em que ele relata esquemas de arrecadação ilegal de recursos junto a empreiteiras. À revista IstoÉ, o ex-diretor do Dnit afirma que políticos do PSDB recebem caixa 2 de empreiteiras do Rodoanel. Já à revista Época, Pagot diz que a campanha presidencial do PT, em 2010, pediu sua ajuda para arrecadar recursos.

Segundo a IstoÉ, Pagot afirma que os tucanos beneficiários do esquema são o governador Geraldo Alckmin e o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra . Ele cita que o ex-diretor da Dersa, Paulo Preto, era o braço operacional do esquema. “Teve uma reunião no DNIT. O Paulo Preto apresentou a fatura de R$ 260 milhões. Não aceitei e começaram as pressões”, diz à IstoÉ.

Já de acordo com a Época, o ex-diretor do Dnit conta que, em 2010, foi procurado pelo então tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff (PT), o atual deputado federal José Di Filippi Jr (SP). Segundo Pagot, Filippi solicitou que ele o ajudasse a pedir dinheiro para empreiteiras prestadoras de serviços ao Dnit. “Cada um doou o que quis”, revela o ex-diretor à Época.

Serra e Alckmin classificaram como “calúnia” as acusações de Pagot. Já o deputado Filippi Júnior negou ter falado com Pagot sobre dinheiro para campanha. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, afirma que Serra não teme a convocação de Pagot. Já o deputado Cândido Vaccarezza avalia que Filippi não fez nada de ilegal. "É legítimo pedir doação para campanha", afima.

Vice-presidente da CPI do Cachoeira, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) diz nque as denúncias são graves. “Já existe um requerimento de convocação apresentado. Vamos avaliar com os líderes e com os integrantes da CPI quando será submetido à votação”, afirma. A próxima reunião da CPI do Cachoeira deve ocorrer na próxima terça-feira.

Fonte: Último Segundo

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