Para Dieese e Seade: ´Medidas de estímulo ao crédito chegaram ao limite´

A esta altura do ano, o desemprego deveria cair de forma mais perceptível e, se o governo não promover uma guinada na política econômica, o desemprego deverá aumentar. A avaliação é do coordenador da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), Alexandre Loloian, e da economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ana Maria Belavenuto.

Com os dados de desemprego de abril em São Paulo, ambos trocaram o discurso, que antes era em louvor às medidas de estímulo ao crescimento econômico com ênfase na ampliação do crédito e do consumo, pela cobrança de medidas com foco no investimento em infraestrutura.

Mudança na política
"Se o governo quiser promover a retomada do crescimento econômico e do emprego, terá que mudar sua política e passar a investir na infraestrutura. As medidas de estímulo ao crédito e ao consumo de bens finais chegaram ao limite", disse Loloian. De acordo com o coordenador da Seade, os analistas têm discutido a efetividade das últimas medidas de incentivo à demanda e não chegam a uma observação clara de quais serão os feitos.

"Isso ocorre porque estamos sendo afetados pela crise na Europa e pelo arrefecimento do ritmo de crescimento da Ásia mais do que esperávamos. Isso tem jogado água na fervura", afirmou Loloian.

Segundo ele, entre 2004 e 2005 e entre 2008 e 2009, no auge da crise do subprime norte-americano, em parte por causa da demanda deprimida, o estímulo ao consumo e ao crédito exerceu sobre a economia um impacto para o qual hoje não tem a mesma força.

"A resposta desta vez será mais lenta, porque a renda das famílias está comprometida com dívidas." Loloian avalia que o governo avançou pouco na regulamentação e na definição do que é público e do que é privado, necessária para agilizar os projetos de investimentos em infraestrutura. Para Ana Maria, do Dieese, dada a conjuntura da economia internacional, os números do mercado de trabalho em abril nem foram tão ruins.

"Estamos bem em relação à Europa, mas sem perspectiva de melhora", declarou.

Fonte: Diário do Nordeste

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