Azul e Trip anunciam fusão

As companhias aéreas Azul e Trip anunciaram nesta segunda-feira (28/05) a fusão de suas operações. A nova empresa contará com uma frota de 112 aeronaves (62 jatos Embraer e 50 turboélices ATR), 837 voos diários, 316 rotas e 96 cidades atendidas, além de uma receita de R$ 4 bilhões ao ano e 8,7 mil funcionários. O grupo de acionistas da Azul, empresa fundada por David Neeleman, irá ter participação de 66,66% na nova aérea, enquanto os investidores da Trip ficarão com os demais 33,3%. Segundo as companhias, não haverá nenhum desembolso para concretizar a transação, apenas troca de ações.

Com a união das duas empresas, a Azul pretende se consolidar como a terceira maior companhia aérea do Brasil. Antes da fusão, a Trip ocupava a sexta posição no ranking nacional das maiores aéreas. Juntas, as empresas têm 14,23% do mercado doméstico de aviação - 9,94% da Azul e 4,29% da Trip - , segundo dados do fechamento de abril, divulgados nesta segunda pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O levantamento mostra a TAM com uma participação de 39,89% e a Gol, com 34,81%. Até o final do ano, com a chegada de mais aeronaves, a frota combinada da Azul e da Trip deve saltar para 120 aeronaves.

Para o fechamento da transação, que vinha sendo negociada desde fevereiro, foi criada uma holding controladora, a Azul Trip S.A. O empresário David Neeleman será o presidente do Conselho de Administração da nova companhia, que terá dez membros."Existiam muitas coisas que não podíamos fazer sem a Trip e muitas que eles não podiam fazer sem nós", diz Neeleman, ao explicar a lógica do negócio.

O executivo também descartou futuras demissões, o fantasma de qualquer fusão. "Não vamos demitir pessoas, vamos contratar. Podem mandar seus currículos".

Por ora, ambas companhias descartam uma abertura de capital, algo que a Azul vinha cogitando há algum tempo. "Não precisamos abrir capital. As duas empresas têm dinheiro suficiente em caixa. Pensamos nisso para o futuro, mas não para agora", afirma o empresário.

Próximos passos
Com o objetivo de coordenar a integração das duas aéreas, as empresas formarão um comitê, que será presidido por José Mario Caprioli, o atual presidente da Trip. "Não é uma fusão clássica como acontece na Europa, em prol da sobrevivência. As duas companhias [estão bem] e cresceram", diz. Caprioli também deve integrar o Conselho de Administração da Azul Trip, ao lado do atual presidente do conselho da Trip, Renan Chieppe.

Como manda a legislação do setor, o negócio só poderá ser concretizado após ganhar o aval da Anac e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), responsável por julgar questões relativas à concorrência no mercado.

Tanto a Trip quanto a Azul continuarão operando suas frotas, equipes e marcas de forma independente até a aprovação da transação. No futuro, a intenção é que seja feita uma convergência de marcas. As duas marcas são consideradas fortes e, por isso, ainda não se sabe qual delas deve prevalecer no futuro.

Atualmente, além de Neeleman, também são sócios da Azul fundos de investimentos, como o Gávea, o TPG e o Weston Presidio. No caso da Trip, a companhia aérea SkyWest, dos EUA, tinha 20% de suas ações e os grupos Caprioli e Águia Branca o restante. Há cerca de uma semana, no entanto, a Trip recomprou as ações da Skywest.

O negócio entre a Azul e a Trip é fechado pouco mais de um ano após a Trip assinar com a TAM um acordo não vinculante para vender 31% de suas ações. A transação, no entanto, não foi para frente. A Trip mantém, entretanto, um acordo de code-share com a TAM, que dever ser mantido mesmo com a fusão.

Expansão
A união da Azul e da Trip comprova o fortalecimento das companhias aéreas regionais no Brasil, assim como o potencial de crescimento das rotas fora dos grandes centros. Porém, mesmo com a fusão das duas companhias, as empresas ainda irão precisar de mais capital para conseguirem continuar crescendo, segundo análise de Pedro Galdi, consultor de aviação da SWL Corretora. "As empresas menores estão ganhando espaço que antes era da Gol e da TAM, mas ainda assim será necessário um investimento estrangeiro para que essa expansão continue".

Fonte: Época Negócios

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