Igreja Católica anuncia reconciliação histórica com o Padre Cícero

Um dia histórico para os fiéis do Padre Cícero Romão Batista e a nação romeira. Anunciada a reconciliação da Igreja Católica com o Padre Cícero. O passo tem uma grande importância para os que lutam pela a reabilitação de ordens do sacerdote, que morreu aos 90 anos, em 1934. A divulgação oficial aconteceu na celebração do Jubileu da Misericórdia, na Sé Catedral, em Crato, pelo bispo Diocesano Dom Fernando Panico, na manhã de hoje, para o público, com abertura da Porta Santa da Catedral. Em seguida, a imagem de um quadro com a imagem do ‘padim’ adentra à igreja pela Porta da Misericórdia, sob os aplausos dos fiéis.

O bispo, durante a celebração, com a presença dos padres da Diocese, leu trechos da carta-mensagem do Papa Francisco, sobre a reconciliação histórica com a memória do sacerdote, em que o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou ter sido redigida por expressa vontade do Papa. “Pode-se perceber que a memória do Padre Cícero se mantém, no conjunto de boa parte do catolicismo deste País, e, dessa forma, valorizá-la desde um ponto de vista eminentemente pastoral e religioso, como um possível instrumento de evangelização popular”, diz.

O bispo dom Panico afirma que essa a reconciliação da igreja católica olha para o Padre Cícero, não como um suspeito, um Padre como era julgado erroneamente, com maldade. “Mas o Papa, com a autoridade que ele tem, depois dos estudos feitos, e todo o aconselhamento que houve, escutou a voz da misericórdia, e não a voz da divisão”, destaca.

Carta fala do amor do sacerdote pelos mais pobres
O intenso amor do Padre Cícero pelos mais pobres e por sua inquebrantável confiança em Deus são enfatizados na carta. Vários tópicos dos escritos do cardeal Pietro Parolin foram destacados pelo bispo, escolhidos para serem lidos no Ano Santo da Misericórdia, em que, inicialmente, diz que “é sempre possível, com a distância do tempo e o evoluir das diversas circunstâncias, reavaliar e apreciar várias dimensões que marcara a ação do Padre Cícero como Sacerdote”.

Pesquisador destaca: “Isso é mais do que reabilitação, é perdão mesmo”
O pesquisador da história de Juazeiro e do Padre Cícero, Daniel Walker, que já chegou a escrever vários livros e artigos sobre a temática, disse que esse era o maior desejo do Padre Cícero, que finalmente foi realizado. “Isso é mais do que reabilitação, é perdão mesmo”, destaca.

O anúncio do documento pelo bispo aconteceu num lugar emblemático para a trajetória sacerdotal do Padre. Ele nasceu em Crato, e na Sé Catedral foi batizado e celebrou a sua primeira missa, antes de ir para Tabuleiro Grande, localidade que pertencia ao Crato e, somente mais tarde passou a ser incorporado como território de Juazeiro do Norte, terra que o sacerdote foi um dos mais importantes fundadores.

Anúncio oficial para os romeiros será dia 20, durante celebração
No dia 20 de dezembro haverá uma grande celebração na Capela do Socorro, onde estão sepultados os restos mortais do Padre Cícero. Em uma missa campal, às 6 horas, o bispo dom Panico irá fazer o anúncio oficial para toda a nação Romeira da reconciliação da Igreja Católica com o religioso.

O Padre da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, Joaquim Cláudio de Freitas, destacou a importância desse momento histórico para a igreja ao mesmo tempo em que diz da alegria de ver as virtudes pastorais, missionários do grande homem e conselheiro que foi o Padre Cícero, para a nação Romeira. “O próprio Papa Francisco afirma que não nos prendamos a história passada, mas no trabalho missionários desse grande sacerdote”, afirma. Ele afirma que esse é, sem dúvida, um passo importante para a reabilitação do Padre Cícero. “Como já é tão apregoado pelos romeiros e fiéis, o Padre Cícero é o santo do povo”, ressalta.

De acordo com o documento divulgado, Daniel avalia que o Padre Cícero está oficialmente anistiado de todas as punições que lhe foram impostas pelo bispo e o papa da época. “E não é só, o decreto assinado além de também exaltar as qualidades sacerdotais do ‘pai da nação romeira’, põe fim ao martírio atroz que o perseguiu durante toda a sua vida e se estendeu até mesmo depois da sua morte”, explica.

O Padre Cícero foi afastado de ordens pelo Vaticano em 1917, mas o comunicado chegou ao Juazeiro do Norte em 1920, e o médico e político Floro Bartolomeu achou por bem, com a idade avançada do sacerdote, não comunicá-lo. Pelo amor à igreja, Padre Cícero sem conhecer o seu momento, como um sacerdote excomungado pela igreja, e com o consentimento do então bispo Dom Quintino continuou celebrando por mais alguns anos. Quando faleceu estava suspenso de ordens.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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