Instituto de Arqueologia do Cariri será criado por meio de parceria

Será criado no próximo dia 19, em Nova Olinda, o Instituto de Arqueologia do Cariri, numa parceria da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri e a Universidade Regional do Cariri (Urca). A valorização da pré-história do homem Kariri ganhará um novo capítulo, com o fortalecimento da arqueologia, por meio da criação do órgão, que terá solenidade de criação, nos 23 anos da Casa Grande.

No local já funcionam o Memorial do Homem Kariri e um laboratório de arqueologia, onde há uma reserva técnica na área. Com isso, a arqueologia entra para um processo de sistematização acadêmica, mais amplo, nos segmentos de ensino, pesquisa e extensão, e a contar no Estado do Ceará com primeiro órgão no âmbito do ensino superior, voltado para esse segmento de estudo.

A entidade, desde que iniciou o seu trabalho de educação social na área da comunicação, para crianças e adolescentes na região, além de desenvolver uma arqueologia com cunho social, tem desenvolvido atividades de educação para conservação e preservação dos sítios arqueológicos da região. Doutora em arqueologia pela Universidade de Coimbra, em Portugal, Rosiane Limaverde, diretora da entidade, comemora a conquista da Casa Grande e da Urca e afirma que esse é um grande passo, numa região que possui um rico acervo arqueológico, proporcionando a abertura para novas pesquisas no âmbito acadêmico.

Segundo ela, com a criação do Instituto já nasce a parceria com outras universidades importantes, como a Universidade de Coimbra e Universidade Federal do Piauí (UFPI), com a proposta de iniciar um curso de especialização ou mestrado em arqueologia. O sonho, segundo ela, é que o Cariri venha ter um curso na área. E material, conforme a pesquisadora, é o que não falta para desenvolver importantes pesquisas e descobertas sobre os primeiros habitantes da região, além de ampliar os trabalhos no campo da arqueologia histórica.

“O Instituto de Arqueologia do Cariri vem atender uma demanda antiga da região e consolida um pleito específico nas áreas de pesquisa e extensão”, afirma o reitor da Urca, Patrício Melo. A Casa Grande já está inserida no território do Geopark Araripe, e, com isso, conforme ele, amplia a atuação da universidade no Município. Para Rosiane, o instituto vem fortalecer a extensão, por meio da parceria, trazendo a comunidade para a academia, assim como acontece com o Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri,

O presidente da fundação, Alemberg Quindins, destaca todo um processo de crescimento e amadurecimento da entidade. A Casa Grande, ao longo dos anos, tem desenvolvido projetos para crianças e jovens da instituição, além das suas famílias, a exemplo das pousadas familiares, fortalecendo o turismo comunitário na região. Ele destaca meninos que chegaram ao local, e hoje se encontram na universidade. “Então, a fundação chega junto da maioridade dos meninos”, afirma.

A entidade atua internacionalmente com diversas parcerias, incluindo países que falam a língua portuguesa, na Europa e na África, e já desenvolveu ações junto ao Unicef, além de apoios importantes com entidades nacionais, a exemplo do Sesc, fundamental nos últimos anos para a fundação. São várias premiações em nível nacional e no exterior e um reconhecimento que poucas entidades no Brasil tem obtido, inclusive pelo Ministério da Cultura. Inspirou a criação do projeto das casas de patrimônio, adotado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A Fundação Casa Grande e a Gestão do Patrimônio Cultural da Chapada do Araripe’, amplia o contexto de atuação da entidade, com uma abordagem diferenciada, como forma de inclusão social e participação das comunidades, além de ter as crianças como protagonistas do processo, e suas famílias, o que Rosiane chegou a denominar de arqueologia da afetividade, com um novo olhar.

A pesquisadora destaca que a pauta da arqueologia no Cariri foi iniciada por meio da Fundação Casa Grande. “Até então, o que estava relacionado aos índios era coisa de gente inculta e sem instrução. Era assim que a historiografia do Cariri tratava o assunto”, afirma.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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