Eleições 2014: Diretor do Ibope reafirma tendência de queda de Marina

A estratégia de vitimização, usada pela campanha Marina Silva (PSB) na defesa contra os ataques dos adversários na disputa pela Presidência, voltou-se contra a própria candidata. A análise é do diretor do Ibope Hélio Gastaldi, responsável pela unidade de Opinião, Política e Comunicação do instituto de pesquisas. Em um mês, a rejeição de Marina dobrou.

Agora, além de driblar as críticas dos oponentes, Marina terá de mostrar firmeza para tentar passar mais credibilidade como candidata a presidente, disse Gastaldi ao Valor.

“O aumento da rejeição de Marina já era esperado. Em um primeiro momento, só os pontos positivos foram exibidos e depois ela ficou envolvida em uma agenda negativa. Mas a estratégia de vitimização teve efeito contrário”, afirmou o diretor do Ibope. “Agora ela terá de correr atrás do prejuízo, já que perdeu a chance de mostrar firmeza. Ao se fazer de vítima e mostrar ingenuidade aos ataques das outras campanhas, ela perde a credibilidade”, analisou.

A estratégia de Marina foi uma resposta à campanha do medo, usada pela candidatura de Dilma Rousseff. Segundo o diretor do Ibope, essa estratégia petista teve impacto na candidatura do PSB e ajudou a aumentar a rejeição da candidata. “Mas não deve surtir mais efeito na campanha”, disse.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada hoje, a rejeição de Marina é de 22%, maior do que a de Aécio, com 21%. A rejeição de Dilma é de 33%. Há um mês, na pesquisa realizada entre os dias 14 e 15 de agosto, a rejeição de Marina era de 11%; a de Aécio era 18% e Dilma, 34%.

Para Gastaldi, se o primeiro turno demorasse mais algumas semanas — e não se realizasse dentro de suas semanas — as intenções de voto em Marina teriam uma redução significativa. “O voto dela é o mais volátil. É um voto do momento. Se a campanha tivesse uma duração maior, Marina teria mais a perder do que ganhar”, afirmou. Nesse mesmo cenário,  o candidato do PSDB, Aécio Neves, em terceiro lugar nas pesquisas, poderia resgatar parte das intenções de votos, que migrou em sua maioria para a candidata do PSB.

Um dos principais problemas enfrentados pela candidatura tucana, disse Gastaldi, é o fato de o presidenciável  ter começado a campanha com um alto nível de desconhecimento nacional. “Muitos dos eleitores que votariam no Aécio viram Marina com mais chance de tirar o PT do poder e transferiram a intenção de voto”, afirmou. “Se o calendário eleitoral fosse outro, Aécio teria condição de crescimento”.

Na análise do diretor do Ibope, o cenário eleitoral está estável e deve manter o atual quadro, com a presidente Dilma na liderança, seguida por Marina. As duas candidatas devem disputar um provável segundo turno e a tendência, “pelo histórico das pesquisas”, é que tenha uma “sutil ampliação”  da diferença entre as duas candidatas. Segundo a pesquisa divulgada hoje pelo Datafolha, Dilma tem 37% e Marina, 30%. Já Aécio tem 17%.

Gastaldi afirmou que a intenção de voto dos candidatos tende a oscilar, mas sem mudanças significativas. “Não é esperada nenhuma grande movimentação no cenário eleitoral”, disse. “O cenário é estável”.

Apesar do aumento da rejeição de Marina, a candidata do PSB tem a melhor imagem entre os principais presidenciáveis  nas redes sociais, de acordo com análise feita pelo Pollitics, uma ferramenta do Ibope que monitora os c omentários sobre os candidatos nas redes sociais. Dilma está em segundo lugar na contagem dos comentários positivos publicados na internet e Aécio, em terceiro.

Segundo o estudo, os comentários no Twitter sobre as eleições cresceram 115% da primeira semana de julho até a primeira semana de setembro, de 249 mil postagens para 536 mil.

Fonte: Valor



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