Projeto Nordestes Emergentes entra em nova fase e cidades do Cariri são contempladas

Realizado pela Fundação Joaquim Nabuco, através do Museu do Homem do Nordeste, o projeto Nordestes Emergentes está em nova fase. Após escolha dos dados a serem estudados, uma equipe composta por oito profissionais, entre antropólogos, fotógrafos e pesquisadores documentaristas, está na região do Cariri para identificar e catalogar as principais transformações culturais, sociais e econômicas que estão ocorrendo, atualmente. O foco das ações são as cidades de Crato, Santana do Cariri, Nova Olinda, Barbalha e Juazeiro do Norte.

A iniciativa pioneira visa distinguir os fenômenos coletivos que apontam para o caminho da transformação social, além de compreender a vida em sociedade e apresentar a identidade real da região Nordeste.

Ao todo, nove Estados nordestinos serão envolvidos na iniciativa que poderá reconhecer as transformações que mudaram o cenário da região, através de novas maneiras e perdas. O Ceará foi contemplado com duas estações, a do Cariri e a de Fortaleza. Em Juazeiro do Norte, os pesquisadores verificaram os choques que a cidade sofreu nos últimos anos, desde a instalação de shoppings à existência de amplas avenidas compostas nos cenários das grandes cidades e inseridas no sertão. Também está sendo avaliada a permanência das tradições ao lado de novas influências culturais. Já no Crato, o Coletivo Café com Gelo, grupo de fotografia e performance, tem o objetivo de ilustrar tudo o que ocorre na região do Cariri e, por meio de fotografias, trazer os exemplos de modificação do pensamento dos nordestinos e de como a imagem destas pessoas deixou de ser associada ao âmbito rural.

Em sua segunda fase, o Nordestes Emergentes procura tornar pública a condição de interação de todas as nações. Poderá servir de laboratório para a identificação da emergência dos novos Nordestes contidos na cultura tradicional, mas que vão se reinventando através do diálogo com a modernidade global. Segundo a pesquisadora e antropóloga Ciema Mello, no imaginário popular nacional, o Nordeste é uma região que tem uma imagem desfavorável, como se tivesse permanecido no passado, sem avanços. Ela conta que o projeto vem desmistificar esse pensamento.

Evidências
Após o mapeamento dos fenômenos de transformação e reconhecimento do Nordeste, o projeto documenta as evidências recorrentes em todo o território e que são reconhecíveis pela sua posição espontânea ao Nordeste dos estereótipos.

De acordo com a proposta, considerada prioritária para a Fundaj, a junção dos setores da sociedade auxiliam na mudança de mentalidade. Como resultado aquece a economia regional, onde os empreendedores criam os mercados consumidores. No Cariri, apesar de ainda não haver nenhum grande parque industrial, a imaginação das pessoas é capaz de suprir as carências concretas. Na localidade, as temporalidades históricas distintas convivem em harmonia. As atividades contemporâneas cruzam-se, por exemplo, com a Paleontologia, o que, para os estudiosos, torna a região um verdadeiro laboratório de pesquisa, além de ser um celeiro de ideias.

Para a pesquisadora Ciema Mello, o Nordeste é um processo. "Faz parte da palavra processo a ausência de desfecho. Uma das propostas dessa pesquisa é mostrar as tendências e não um resultado final. É evidente que no Nordeste as coisas estão acontecendo com muita celeridade".

Depois que os pilotos estiverem concluídos, o projeto vai realizar fóruns, seminários e elaborar publicações acadêmicas. O primeiro produto resultante da fase etnográfica será uma grande exposição de imagens recolhidas em todas as dez estações de pesquisa. A expectativa é que o projeto consiga elaborar resultados conversíveis ao bem-estar da sociedade e apresente a problematização do conceito de região.

Ao final das pesquisas, será lançado um documentário sobre a experiência Cariri- do projeto Nordestes Emergentes. A região foi escolhida por concentrar uma multiplicidade cultural ampla e por reunir mudanças significativas dos elementos e circunstâncias econômicas e sociais. O vídeo, coordenado por Luiz Felipe Botelho, mostrará a visão de alguém que está fora da região, mas, descobre as maneiras de como a localidade está transformando-se, de acordo com a dinâmica do mundo.

Dentro da programação institucional, anualmente, a Fundaj promove discussões entre antropólogos, fotógrafos e cineastas sobre o Nordeste.

No próximo mês de agosto, o convidado será o curador e pesquisador Rubens Fernandes Junior, além da participação do Coletivo Café com Gelo.

Mais informações
Fundaj
Avenida 17 de Agosto, 2187
Bairro Casa Forte
Recife (PE)
(81) 3073.6340 / 3073.6363

YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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