Previsão ainda é maior para as chuvas abaixo do normal no CE

Pela terceira vez consecutiva, a Fundação Cearense de Meteorologia divulga prognóstico, em que as possibilidades são bem maiores para chuvas abaixo do normal. Para o período de abril, maio e junho, os percentuais de 25%, 35% e 40% são respectivamente, para as categorias chuvosas acima do normal, normal e abaixo do normal, repetindo assim as previsões anunciadas em fevereiro.

Após nova reunião mensal de avaliação climática para o Nordeste, desta vez realizada nos dias 20 e 21 de março, em Recife, as análises dos meteorologistas não têm sido diferente desde janeiro passado, quando houve o primeiro prognóstico. Naquele mês, os dados apresentaram percentuais de 20%, 35% e 45% para as chuvas, respectivamente, acima do normal, normal e abaixo do normal.

Ontem, os dados foram referente aos dois últimos meses da quadra chuvosa no Estado (abril e maio) e o primeiro mês da pós-estação (junho). Além de serem mantidas os indicadores de poucas chuvas no Estado, com a previsão de maior probabilidade de chuvas abaixo da normal. As chuvas que caíram nos últimos dias são consideradas como insuficiente para alterar na recarga dos açudes.

As informações foram prestadas por técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe), da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e dos núcleos de meteorologia dos Estados no Nordeste, que não consideraram significativas as mudanças das condições atmosféricas e oceânicas, comparadas com às do mês passado.

Desfavoráveis
A meteorologista Dayse Moraes explicou que as condições desfavoráveis são decorrentes do afastamento da Zona de Convergência Intertropical, que é o principal fenômeno a atuar na estação chuvosa no Nordeste.

Ela explicou que as precipitações verificadas nos últimos dias são consequência da atuação de um sistema meteorológico chamado de Vórtice Ciclônico de Ar Superior, que se encontra influindo sobre a região, embora influindo mais nos Estado do Pará e Maranhão.

Das 19 horas da quinta-feira passada até ontem choveu em 37 cidades, sendo que a maior precipitação aconteceu em Brejo Santo, com 42 mm; Jati e Brejo Santo, com 27 mm; e Missão Velha, com 21 mm. Em Fortaleza, houve registro de apenas 3mm, mas na Região Metropolitana, ocorreram 10mm no Eusébio . Segundo a Funceme, o Ceará permanece sob a influência de um Vórtice Ciclônico que deverá deixar o céu parcialmente nublado a claro com possibilidade de chuvas isoladas na faixa litorânea, sul e Ibiapaba. Para este fim de semana, a previsão é chuvas isoladas na faixa litorânea, conforme informou Dayse.

A meteorologista disse que há ainda a possibilidade da atuação da Zona de Convergência Intertropical, nos meses de abril ou meados de maio, apesar das condições sobre o Oceano Atlântico se apresentarem neutras

De acordo com a Funceme, houve registro de boas chuvas entre os dias 15 e 20 de fevereiro, por consequência de um Vórtice que atraiu a Zona de Convergência para o Estado. Agora, em março, outro vórtice favoreceu a ocorrência de precipitações até intensas nos dias 19, 20 e 21. Esses sistemas são típicos da pré-estação (dezembro e janeiro), mas podem atuar durante a quadra chuvosa.

Reservatórios
Segundo a assessoria a Companhia de Gestão e Recursos Hidricos (Cogerh), o Estado está com 40% da reserva total dos aludes monitorados pelos órgão. Perdeu 30% de sua reserva em relação ao ano passado até janeiro deste ano. O Ceará tem capacidade de reserva de 18 bilhões de metros cúbicos, porém conta hoje com apenas 8 bilhões de metros cúbicos. Possui 76 açudes com menos 30% da capacidade.

O Açude Ayres de Sousa, em Sobral no Distrito de Jaibaras, é um dos poucos exemplos isolados no Ceará. O reservatório ainda detém uma reserva significa acima de 80%, em função da recarga que recebeu do Açude Taquara, na Zona Norte.

De acordo com um dos trabalhadores da criação de tilápias, José Braga, hoje o reservatório se encontra em um volume constante, e as chuvas recentes não influenciaram no abastecimento. "Desde abril do ano passado e devido as cargas recebidas, o nível se mantém quase o mesmo. Apesar das chuvas, não houve variação, pois a maior parte dela acaba evaporando", explica.

José Braga teme pelo segundo semestre caso não tenham mais chuvas. "Recebemos água dos outros açudes para manter o Jaibaras, mas o que acontecerá se esses açudes secarem?".

Mais informações
Funceme
Avenida Rui Barbosa, 1246
Aldeota
Fortaleza (CE)
Telefone: (85) 3101.1088

MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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