Entrevista exclusiva com Dane de Jade, nova secretária de Cultura do Crato*

Quem é Dane de Jade?
Natural do Crato - Ceará, atriz-pesquisadora, produtora, arte-educadora, radialista e gestora cultural. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Regional do Cariri - URCA, cursou também arte-educação na URCA, pós-graduação em Gestão Estratégica nas Organizações de Terceiro Setor na Universidade Estadual do Ceará – UECE e Doutoranda em Turismo, Lazer e Cultura pela Universidade de Coimbra em Portugal. Dirigiu o Departamento de Promoção, Difusão e Ação Sócio-Cultural da Fundação Cultural J. de Figueiredo Filho em Crato-CE, fomentou a criação e gerenciou o Programa Cultura do SESC Ceará por 14 anos, onde desenvolveu e coordenou, entre outros projetos, a Mostra SESC Cariri de Culturas.

Foi a responsável pela curadoria do projeto “Traga a França para os meus versos e leve os meus versos para França”, dentro da programação do Ano França/Brasil na Universidade de Poitiers e criou a Mostra SESC Luso-Brasileira, em Coimbra/Portugal. Por 13 anos foi a curadora representante do Ceará nos projetos Palco Giratório - Rede Nacional de Difusão e Intercâmbio das Artes Cênicas e Sonora Brasil - Formação de Ouvintes Musicais.

Participou e atou em diversas peças de teatro no Ceará, com indicação ao prêmio de melhor atriz pelo espetáculo “O Baile do Menino Deus.” Atuou no monólogo “A Hora da Bruxa”, dirigida pela argentina Vanina Fabiak e participou da fundação do Grupo Armazém de Teatro - GAT em 1996.

Como curadora, participa do Festival Cena Brasil Internacional (Rio de Janeiro e São Paulo), da comissão de seleção do Festival de Curitiba e do Edital Verão Cênico 2012 em Salvador/BA, integrou o núcleo curador do Prêmio Myriam Muniz em 2009, a comissão do Programa Petrobras Cultural 2010 e a delegação brasileira no Festival de Edimburgo/Escócia em 2011. É integrante da Rede de Programadores Conexões Latinas sediada em Buenos Aires/Argentina.

Sócio-fundadora da Ong BEATOS - Base Educultural de Ação e Trabalho de Organização Social. Realiza palestras e oficinas sobre Gestão Cultural em diversas regiões do país. Vencedora do Prêmio Claudia 2012 (maior premiação feminina da América Latina realizada pela editora Abril) na categoria Cultura. Membro do Conselho Estadual de Cultura do Ceará, consultora da Associação Teatro da Boca Rica. Desenvolve trabalhos e pesquisa na área de tradição popular, atualmente aceitou convite para assumir a secretaria de Cultura do Crato.

Como você Dane de Jade, vê a cultura cratense?
Percebo um momento de elevados níveis de consciência artística, quando as pessoas estão em busca de maiores e melhores critérios para organização dos seus trabalhos, uma vontade coletiva de cada vez mais qualificar as suas ações.

Entretanto, percebo também que, apesar dos esforços investidos, as dificuldades continuam limitando a expansão do setor, dificuldades que estão presentes em todo o país e se expressam com maior ou menor intensidade nos lugares.

Implementar políticas culturais no Brasil, diante de tanta riqueza e diversidade, é sempre um desafio. Temos poucos históricos de políticas sistematizadas e regularizadas no âmbito da cultura. 

O campo da cultura ainda está em ajustes. Os orçamentos disponíveis são restritos para dar conta de todas as demandas, o que termina por fortalecer a indústria cultural protagonizada pela grande mídia.

O campo da cultura, sobretudo aquele que se manifesta por meio dos princípios e das formas artísticas, possui o que se costuma chamar de fecundidade. Ele é capaz de dar origem, de propiciar algo, de instigar, de transformar.

Precisamos avançar na salvaguarda do patrimônio cultural, revigorando e fortalecendo o diálogo permanente com as nossas manifestações tradicionais. É também por meio dessas tradições, enquanto espaço aberto para a reflexão e a consciência, que a cultura pode contribuir de maneira significativa para o engrandecimento humano e para o desenvolvimento social sustentável.

Você diz: "cultura não é lucro, cultura é investimento".  Se aceito esse convite, como você olharia a nossa cultura?
Precisamos pensar a cultura a partir de outra lógica que não a economicista. O retorno dos investimentos em cultura não se traduz, nem podem se traduzir, em lucros financeiros. São investimentos na transformação humana com fins sociais.

O que realmente considero necessário para a elaboração e implementação de políticas públicas de cultura é o dialogo permanente. É a partir desse diálogo que poderemos perceber e compreender as demandas socioculturais. Entendo a cultura como algo que não necessariamente está relacionada ao puro entretenimento. Acima de tudo ela tem uma função sociopolítica. A sua proposta deve estar relacionada ao desenvolvimento humano, à “ampliação da esfera de presença do ser”, nas palavras de Teixeira Coelho.

Gestão cultural é a minha área de afinidade, de paixão. Sou militante da cultura e busco sempre, enquanto cidadã, levantar a bandeira da Cultura, destacando a sua importância fundamental para os processos de desenvolvimento das sociedades.

Considerações
Na função de Secretária de Cultura da minha cidade natal, espero poder contribuir para o alargamento das ações que buscam desenvolver o ser humano, na perspectiva da construção de uma sociedade melhor. É um prazer e uma honra poder fazer isso a partir do Crato, a partir do Cariri.

Abraços
Dane de Jade

*Entrevista concedida e publicada originalmente no grupo O Crato de todos nós

Postada no Blog Cariri  com autorização expressa dos moderadores do grupo. 
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