Ex-catador de latinhas embarca para estudar em Harvard, nos Estados Unidos

O grande dia na vida de Ciswal Santos, de 31 anos, chegou. O professor embarcou de Juazeiro do Norte, na manhã desta segunda-feira (01), para Cambridge, estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, onde vai estudar na Universidade de Harvard – uma das mais conceituadas no mundo. Ex-catador de latinhas, em setembro do ano passado, ele teve projeto aprovado pela instituição.

Ciswal foi responsável por criar um projeto que fornece energia elétrica, água e internet, de maneira sustentável e por um baixo preço, para famílias do Semiárido nordestino. Hoje, o equipamento custa, aproximadamente, R$ 2 mil, mas a expectativa é diminuir para R$ 960.

Placas solares serão responsável pela energia elétrica e ajudará na captação de água através de um poço artesiano. Já a internet, seria disponibilizada por satélite. O professor ficará dez dias nos Estados Unidos apresentando seu trabalho para os pesquisadores de lá. A visita deve acontecer a cada seis meses nos próximos três anos. No entanto, desde novembro de 2018, ele já assiste aulas através de videoconferência.

“Estou um pouco apreensivo, pois, sei as dificuldades que terei. Tenho amigos lá e estou confiante nisso, nesse apoio. Sozinho, ninguém chega a lugar nenhum. Quanto ao projeto, rezo a Deus que se popularize, não que se comercialize. Atinja as pessoas que mais precisam”, contou antes do embarque.

Segundo o professor, ele recebeu ligação do presidente de Angola, João Lourenço, que mostrou interesse em implantar o projeto em seu país. Outras duas nações africanas, Moçambique e Zimbábue, também podem ser comtempladas através de um incentivo de uma empresa japonesa. “A população da África é que mais sofre. No Nordeste sofre, mas precisa, principalmente, que as autoridades enxergam essas pessoas”, acredita.

Em dezembro de 2018, Ciswal foi convidado para ser embaixador de Direitos Humanos da Noble Order for Human Excellence (NOHE), organização presente em 17 países, ligada a Organização das Nações Unidas (ONU). “É um trabalho voluntário, mas que vai ser algo que vai trazer melhorias. Podemos fazer denuncias, trazer projetos de empresas internacionais. É muito trabalho a se fazer”, descreve.

Trajetória
Nascido em Palmares (PE), Ciswal, de 31 anos, se mudou para Juazeiro do Norte quando seu pai, também professor, foi transferido para Serra Talhada (PE). Com família devota do Padre Cícero, optaram por ficar na terra do sacerdote. Com o tempo e a separação de seus pais, as dificuldades financeiras apareceram. Sua mãe, ganhava R$ 15 por faxina, mas era pouco. Por isso, o jovem resolveu trabalhar em um mercantil entregando as feiras de bicicleta. 

Quando entrou na faculdade, com apenas 15 anos e meio, teve que buscar no lixo a solução para seu sonho de continuar estudando. Foi aí que Ciswal resolveu catar latinhas de para reciclagem. O quilo do material custava R$ 2. Em uma semana, o professor conseguia três quilos e meio. “Era com isso que pagava xerox, apostila, conseguia pegar um livro e imprimir”, confessa. Ele concluiu Ciências da Computação e também é graduado em Física. 

ANTONIO RODRIGUES
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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