Assaré (CE): Estátua em homenagem ao poeta Patativa é reinaugurada

Nos 12 anos da partida do poeta que recebeu nome de ave, um monumento é reposto no local onde se encontrava há quatro anos: a sua imagem em tamanho natural. No dia 8 de julho passado foi reinaugurada na cidade de Assaré a estátua em bronze do poeta Antônio Gonçalves da Silva, o poeta Patativa do Assaré.

Em 5 de março deste ano, comemorou-se 105 anos do seu aniversário. O poeta que se tornou universal, pelo caráter abrangente de sua obra, é a maior referência da cidade de 23 mil habitantes.

Há cerca de quatro anos, a estátua em resina, afixada na praça da Matriz de Nossa Senhora das Dores, em frente ao Memorial do Patativa do Assaré, foi quebrada  no momento em que uma pessoa posava para foto encostada ao monumento. Ficou em pedaços e não teve como ser recuperada e reposta no espaço.

Durante esses anos, a cidade ficou sem a lembrança simbólica do poeta em espaço público.

A vida e a obra de Patativa podem ser acompanhadas por meio do memorial, que fica exatamente em frente à estátua e ao lado da igreja matriz da cidade. O local recebe em média 1.200 pessoas a cada mês.

Uma solenidade de inauguração foi organizada para desenvolver a cidade a estátua da sua personalidade maior. O monumento foi uma doação da Construtora Coral, confeccionada por um artesão de uma cidade no Estado do Paraná.

Agradou aos filhos do poeta, três deles presentes na inauguração: Inês Gonçalves, Afonso Gonçalves e João Cidrão, mais conhecido como Janjão, declamador inato e de uma memória de quem tem Patativa no sangue.

Honra
Até o tom de voz ao declamar a poesia lembra o poeta seu pai. "Assaré guardará eternamente a história do seu filho iluminado. Que o meu pai descanse em paz, eu para ele terei tempo de sobra, para honrar seu nome e sua obra, eu confesso que sou forte demais", assim repetia em verso especial destinado à ocasião.

Dessa vez, mesmo sendo um monumento mais resistente, foi afixado em cima de uma base de granito, e segundo o prefeito de Assaré, Samuel Freire, terá uma redoma de vidro para garantir que não terá o mesmo destino da anterior.

Ele ainda destacou a importância de Patativa para a cidade, com reconhecimento internacional, e inclusive sendo estudando por universidades, como a Sorbonne, na França, tendo várias de duas poesias traduzidas para o francês. Patativa recebeu cinco títulos de Doutor Honoris Causa e vários prêmios.

Todas as universidades do Ceará compartilharam a honraria com o poeta, que pode expressar por meio da sua poesia, a crítica social e a vida do sertanejo, o seu cotidiano, as dificuldades enfrentadas com a seca, e chegou a publicar livros e diversos cordéis, além de declamar seus versos onde chegava, inclusive em rádios da região, principalmente em Crato.

O então bancário e escritor, Roberto Jamacaru é um admirador do trabalho do poeta Patativa, mas ele afirma que no período em que gerenciava banco em Crato, todas as vezes que se dirigia ao cliente, ele simplesmente respondia em forma de poesia. Era o trato natural de quem tinha a poesia na alma, conforme o escritor.

Turismo
O secretário de Cultura e Turismo de Assaré, Eugênio Oliveira, afirma que esse é um momento especial para a cidade que hoje está na rota do turismo regional, graças a importância do poeta Patativa.

Ele destaca a relevância do poeta e dos seus escritos, como um cidadão do mundo. "A poesia o caracterizou dessa forma, porque hoje ele é um pássaro, que está voando pelo universo do discurso da poesia que ele tinha, de vanguarda. Era o grito dos descamisados, dos exilados", disse.

Ele lembra de referências do poeta, a exemplo de Castro Alves, e era amigo pessoal de Luiz Gonzaga, que chegou a gravar músicas com letras do Patativa, além da amizade com o poeta Pedro Bandeira.

Poeta universal
Para Eugênio, Patativa consegue ser um poeta universal e lembra da 'Lição do Pinto',  considerada uma poesia à frente do seu tempo, feita para a Anistia Nacional, por telefone.

"Ele consegue fazer do discurso um grito de libertação dos filhos que moravam fora" afirma o secretário. Oliveira foi amigo do poeta. Lembra que Patativa não saiu de Assaré e nem da sua serra de Santana e levou o Município de pequeno porte para o mundo.

O secretário classifica o monumento atual como um marco da história da cidade, por coincidir com o momento em que Assaré é contemplado com o Programa Nacional de Regionalização do Turismo.

Com isso, será feito o Corredor da Cultura Patativa do Assaré, percorrendo a cidade em direção à casa onde o filho mais ilustre da cidade morou, passando pelo Memorial, levando a história de um dos maiores poetas populares do Brasil para o público que visitar a sua terra de origem e puder ir embora carregando mais conhecimento.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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