Juazeiro do Norte (CE): Ato público alerta para índices de violência contra a mulher

Cerca de 300 pessoas, entre homens e mulheres, participaram na manhã de ontem do Ato Contra o Feminicidio no Cariri, realizado pela Frente das Mulheres dos Movimentos da região, em parceria com os Conselhos Municipais da Mulher de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Também estiveram representantes de cerca de outras 30 entidades públicas e privadas, dentre elas a Universidade Regional do Cariri (Urca) e o Grupo de Apoio a Livre Orientação Sexual do Cariri (Galosc).

Com faixas e cartazes, os integrantes do movimento percorreram as ruas do centro da cidade de Juazeiro, acompanhados por carros de som, com destino à Praça Padre Cícero, onde, posteriormente, realizaram concentração e pronunciamentos por parte dos representantes dos movimentos que atuam na defesa dos direitos da mulher na região do Cariri. Além de apresentarem números e estatísticas que comprovam o crescimento no número de casos de violência contra a mulher nos municípios do Cariri, os manifestantes também cobraram maior participação do poder público, no sentido da elaboração de campanhas de conscientização que possam resultar na diminuição dos índices já registrados.

Conforme dados do Centro de Referência da Mulher de Juazeiro do Norte (CRM), o número de casos de agressões praticadas contra a mulher tem crescido assustadoramente no município.

Denúncias
Durante todo o ano passado, a entidade recebeu 48 denúncias de mulheres vítimas da violência. Somente nos seis primeiros meses deste ano, o número de mulheres que procuraram a entidade após terem sido, de alguma forma, agredidas, já chegou a 46. "Todos estes novos casos se enquadram na Lei Maria da Penha. São situações em que, de alguma maneira, a vítima sofreu agressões dentro do próprio seio familiar", informou a presidente do CRM, Renata Santana.

No período de 2011 a 2014, o Centro de Referência da Mulher de Juazeiro registrou 202 casos de agressão a mulheres. Os registros se referem ao sofrimento de violência física, psicológica, patrimonial, sexual ou moral. "São casos onde o agressor é o próprio companheiro da vítima", diz a presidente da entidade. O machismo, segundo avalia, é o principal responsável pelas agressões desenvolvidas. "A cultura do machismo ainda é predominante na maioria dos municípios da região. Infelizmente, a mulher ainda é vista como propriedade e não como pessoa humana. Este sentimento acaba sendo o fator principal da maioria dos casos de violência registrados contra a mulher", avalia.

A presidente do Conselho da Mulher de Juazeiro do Norte, Adriana Brito, alerta que além dos casos decorridos no seio da família, há, ainda, diversos outros crimes praticados em detrimento da mulher acontecendo diariamente pelo país afora. "Diariamente, em todo o país, há registros de mulheres surradas, espancadas, violentadas sexualmente, enfim, agredidas nas mais variadas formas. A brutalidade contra este gênero humano é aterrorizante", comenta.

Adriana Brito ressalta que mesmo após oito anos de criação da Lei Maria da Penha, grande parte das mulheres agredidas ainda desconhecem os benefícios que a legislação lhes garante. "Nem todas as mulheres que denunciam as agressões sofridas possuem conhecimento da Lei, disse a presidente.

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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